segunda-feira, 6 de abril de 2009

A experiência pode fazer a diferença


Acredito que não há nada mais angustiante para um pai de família do que perder o emprego depois dos 40 ou 50 anos. Alguns quando são notificados da demissão entram até em pânico; e para voltar à situação de normalidade leva muito tempo. Digo isso, porque testemunhei casos semelhantes com pessoas muito próximas. Não é fácil vencer essa barreira. Na verdade, são anos a fio de dedicação a um trabalho que de uma hora para outra a pessoa perde causando ressentimentos e dor. É como se o mundo desabasse a sua frente, a dignidade fragiliza levando a autoestima do sujeito para o fundo do poço, principalmente se tiver com a idade avançada. Contudo, parece que as coisas começaram a mudar e a vida profissional dos “quarentões” está ficando em alta no mercado de trabalho.

Agora no estado de Minas Gerais estão sobrando vagas para pessoas com faixa etária entre 40 e 50 anos. De acordo com levantamento do Ministério do Trabalho e também do Dieese, muitas empresas da construção civil e da indústria de transformação estão necessitando de mão-de-obra qualificada, inclusive foi matéria de reportagem do Jornal da Record da última quarta-feira (01.04). As empresas asseguram que trabalhadores com idades entre 40 e 50 anos são as que mais reúnem condições de contribuir para o aumento da produtividade, já que a maturidade é muito importante para o indivíduo voltar ao mercado de trabalho. Mesmo como empregado, a experiência o faz um servidor muito mais dinâmico, dedicado, cuidadoso e consequentemente seu rendimento tende a ser bem mais qualificado do que uma pessoa mais jovem. Outra vantagem é o seu domínio emocional que está mais propenso a se manter calmo em situações adversas, enquanto o mais novo talvez perca com mais facilidade o domínio das emoções.
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Não se pode ignorar que a crise da especulação financeira estourou em todas as nações. Ainda que a classe trabalhadora não seja culpada desse desastre, termina sendo a mais atingida, pois a crise alcança todas as camadas das economias mundiais. No Brasil, os sinais já começam a trazer preocupação. O setor automotivo e empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer levaram à demissão cerca de 800 mil servidores nos últimos cinco meses. Nessa ótica, o desemprego vai se alastrando e para muitos analistas a tendência é que daqui até 2011, alguns milhões de pessoas ficarão desempregadas, principalmente os mais velhos.
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Além disso, nesse cenário de apreensão, pode se revelar dois fenômenos. Por um lado, as empresas estão mais exigentes e conseguem ocupar suas vagas com trabalhadores bem mais experientes e treinados. De outro, a queda do emprego nas faixas menos instruídas pode indicar um dado positivo: os empregados estão voltando à escola e melhorando seu grau de instrução. Com isso, as estatísticas indicam que se perdeu uma vaga na faixa mais baixa de educação, mas na verdade foi o trabalhador que mudou de faixa devido a sua evolução nos estudos e maior qualificação profissional.
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Penso que esses desconfortos e incertezas por que estamos passando, ninguém deve desconhecer e achar que está livre de uma situação vexatória em sua vida, pois a qualquer momento pode ser também mandado embora. Enquanto a crise não se reverter, as inseguranças tendem a imperar no meio da sociedade. Em tempos difíceis a prudência deve ser levada a sério para se evitar o consumismo desenfreado e amargar dificuldades financeiras no seio familiar. Contrariando o marketing que vem sendo realizado pelo Governo Federal, sugerindo o consumo, creio não ser o caminho mais inteligente, até porque ninguém garante quanto tempo vai durar esta crise.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom. Você Ezequiel é um cabra muito inteligente. Parabéns pelos belos textos que publica. Helder Cardoso

Anônimo disse...

Ezequiel,

Bom texto, enxuto até demais. No entanto mesmo assim gostei.

abração

J.P. Camillo Neri