Quem tem raça é cachorro
Há poucos dias, indagado sobre a questão racial (?) o grande escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro disse: “... quem tem raça é cachorro”. Concordo com ele. Gente não tem raça. Ou melhor, as pessoas só pertencem a uma e esta é a raça humana. Ponto final. O ensaísta da Revista Veja, J. R. Guzzo também se manifestou na mesma direção: “O governo brasileiro está doido para implantar uma democracia racial no Brasil”. Em minha opinião está mesmo! A melhor prova? A Secretaria para Igualdade Racial (com status de ministério). Sempre achei essa discussão uma coisa antipática. Tão chata que sempre pulo fora quando a coisa resvala para esse papo. E digo mais: se examinarmos a questão com boa vontade, nem os cachorros tem raça. No máximo eles tem, como nós, diferenças biofísicas. Como não sou antropólogo ou doutor no assunto, fico fora do assunto. Só sei que nunca vi ninguém por cor, credo, sexualidade e outras coisas mais. Se o cara quiser dar o chicote o problema - ou melhor, a opção - é dele, não meu. Como ele não pode dar o meu, fico tranquilo e sigo em frente.
As pessoas para mim são todas iguais. Exceto, pelo fato de algumas terem mais dinheiro que outras. Fora isso, não vejo diferença. Ninguém seria louco, entretanto, de esconder que a sociedade realça com ênfase diferenças nas pessoas, quando se trata de status sócio-econômico. Infelizmente por causa desses padrões, fazemos distinções sim senhor. Eu por exemplo, quando estou nos lugares, todo mundo percebe que sou um pé rapado. Tudo bem. Não tenho complexos. Diria até, como explodiu certa feita o ex-ministro Rafael Greca, que ser pobre é um barato! Ser rico é muito chato. As pessoas acordam preocupadas com a manutenção do jatinho, do iate, o caseiro da casa de campo, casa de praia, segurança da ilha, festas que terá que comparecer, presentes que terá que escolher, tudo muito chato. Pobre não tem esses tipos de problemas. Até os ladrões não me perturbam. Passam por mim, me examinam, verificam que não tenho relógio, meu tênis comprado na Praça da Bandeira não os atrai, minhas camisetas compradas no Varejão (R$ 5,00, cada) também não lhes despertam cobiça, nada, nada em mim lhes deixam animados para um roubo. Por isso nunca fui assaltado. E olhe que já andei em cada boca que até hoje, quando lembro, fico com os cabelos (o que resta) arrepiados.
Certa feita estava no Bar de Zé Coelho e um ex-motorista de ônibus que estava à porta, com um copo de cerveja na mão disse: “Ê vida boa, essa vida de pobre!”. É mesmo! Pobre não tem problema. Claro que o sujeito também não pode ser muito pobre. Quem é muito pobre tem problemas desde a hora que abre os olhos até fechá-los para dormir. É uma tragédia. Mas, se o sujeito tem uma rendazinha boa, um lugarzinho para morar, uma companheira que gosta dele (e vice-versa), o cara tá esquematizado. Bebe suas cachaças, come buchada, rabada, costela assada, carne de porco, mocotó e não sente nada. É só alegria, como se diz no meio da plebe ignara. Acho o maior barato. Festa de pobre não tem bacanagem. Todo mundo ri, fala com a boca cheia, fica bêbado, fala palavrão e o escambau. Depois vão prá casa, dão uma furunfada antes do sono e tudo bem. No outro dia acordam com um bafo de matar onça, mas estão felizes. Vejam a diferença. Os ricos quando bebem um pouquinho a mais, sentem dores de cabeça, enxaqueca, mal estar, remorsos, crises morais, vontade de vomitar. É uma desgraça! E o pobre? O pobre não está nem aí. Fica só esperando chegar a hora do almoço para encher a pança com um feijão bem forte e se recuperar da “mardita” que bebeu no dia anterior.
Aquele discurso de Luther King foi excepcional. Ele tinha um sonho. E eu o transformei naturalmente em minha realidade. Nunca vi ninguém por cor de pele, nunca desprezei ninguém por ser feio (sendo eu mesmo um deles) e sempre achei que o ser humano merece por parte do semelhante todo o carinho possível. Um dos mandamentos cristãos diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Isso é simplesmente divino. Por isso ainda acredito, que quando o homem se libertar de suas vaidades e bobagens, vai entender o significado desse mandamento. Quando será isso? Acho que não alcançarei. Mas, espero em relação aos que ainda não o adotaram integralmente, de um dia vê-los amando-se reciprocamente. Esse será o dia em que a humanidade alcançará o mais elevado ponto de sua presença aqui na Terra.
Quanto aos cachorros, diria que são companhias interessantíssimas. Até o presidente Obama ganhou um. Deram-lhe o nome de BO (pronuncia-se Bô). Uns dizem que BO é a abreviatura de Barack Obama. Desde o dia que em chegou à Casa Branca o totó foi recebido com todas as honrarias. Ora, se tratamos e nos damos bem com os cachorros (eles são merecedores) porque nos intrigamos com os seres humanos? Vamos parar com isso! Pouco esforço é suficiente. Basta um pouco de educação, coração aberto e a certeza de que não somos inimigos. Somos irmãos e fraternalmente devemos sempre proceder. Mesmo que o outro cometa deslizes é nosso dever desculpá-lo. É isso aí. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires (*) Professor UESB-FAINOR
Há poucos dias, indagado sobre a questão racial (?) o grande escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro disse: “... quem tem raça é cachorro”. Concordo com ele. Gente não tem raça. Ou melhor, as pessoas só pertencem a uma e esta é a raça humana. Ponto final. O ensaísta da Revista Veja, J. R. Guzzo também se manifestou na mesma direção: “O governo brasileiro está doido para implantar uma democracia racial no Brasil”. Em minha opinião está mesmo! A melhor prova? A Secretaria para Igualdade Racial (com status de ministério). Sempre achei essa discussão uma coisa antipática. Tão chata que sempre pulo fora quando a coisa resvala para esse papo. E digo mais: se examinarmos a questão com boa vontade, nem os cachorros tem raça. No máximo eles tem, como nós, diferenças biofísicas. Como não sou antropólogo ou doutor no assunto, fico fora do assunto. Só sei que nunca vi ninguém por cor, credo, sexualidade e outras coisas mais. Se o cara quiser dar o chicote o problema - ou melhor, a opção - é dele, não meu. Como ele não pode dar o meu, fico tranquilo e sigo em frente.
As pessoas para mim são todas iguais. Exceto, pelo fato de algumas terem mais dinheiro que outras. Fora isso, não vejo diferença. Ninguém seria louco, entretanto, de esconder que a sociedade realça com ênfase diferenças nas pessoas, quando se trata de status sócio-econômico. Infelizmente por causa desses padrões, fazemos distinções sim senhor. Eu por exemplo, quando estou nos lugares, todo mundo percebe que sou um pé rapado. Tudo bem. Não tenho complexos. Diria até, como explodiu certa feita o ex-ministro Rafael Greca, que ser pobre é um barato! Ser rico é muito chato. As pessoas acordam preocupadas com a manutenção do jatinho, do iate, o caseiro da casa de campo, casa de praia, segurança da ilha, festas que terá que comparecer, presentes que terá que escolher, tudo muito chato. Pobre não tem esses tipos de problemas. Até os ladrões não me perturbam. Passam por mim, me examinam, verificam que não tenho relógio, meu tênis comprado na Praça da Bandeira não os atrai, minhas camisetas compradas no Varejão (R$ 5,00, cada) também não lhes despertam cobiça, nada, nada em mim lhes deixam animados para um roubo. Por isso nunca fui assaltado. E olhe que já andei em cada boca que até hoje, quando lembro, fico com os cabelos (o que resta) arrepiados.
Certa feita estava no Bar de Zé Coelho e um ex-motorista de ônibus que estava à porta, com um copo de cerveja na mão disse: “Ê vida boa, essa vida de pobre!”. É mesmo! Pobre não tem problema. Claro que o sujeito também não pode ser muito pobre. Quem é muito pobre tem problemas desde a hora que abre os olhos até fechá-los para dormir. É uma tragédia. Mas, se o sujeito tem uma rendazinha boa, um lugarzinho para morar, uma companheira que gosta dele (e vice-versa), o cara tá esquematizado. Bebe suas cachaças, come buchada, rabada, costela assada, carne de porco, mocotó e não sente nada. É só alegria, como se diz no meio da plebe ignara. Acho o maior barato. Festa de pobre não tem bacanagem. Todo mundo ri, fala com a boca cheia, fica bêbado, fala palavrão e o escambau. Depois vão prá casa, dão uma furunfada antes do sono e tudo bem. No outro dia acordam com um bafo de matar onça, mas estão felizes. Vejam a diferença. Os ricos quando bebem um pouquinho a mais, sentem dores de cabeça, enxaqueca, mal estar, remorsos, crises morais, vontade de vomitar. É uma desgraça! E o pobre? O pobre não está nem aí. Fica só esperando chegar a hora do almoço para encher a pança com um feijão bem forte e se recuperar da “mardita” que bebeu no dia anterior.
Aquele discurso de Luther King foi excepcional. Ele tinha um sonho. E eu o transformei naturalmente em minha realidade. Nunca vi ninguém por cor de pele, nunca desprezei ninguém por ser feio (sendo eu mesmo um deles) e sempre achei que o ser humano merece por parte do semelhante todo o carinho possível. Um dos mandamentos cristãos diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Isso é simplesmente divino. Por isso ainda acredito, que quando o homem se libertar de suas vaidades e bobagens, vai entender o significado desse mandamento. Quando será isso? Acho que não alcançarei. Mas, espero em relação aos que ainda não o adotaram integralmente, de um dia vê-los amando-se reciprocamente. Esse será o dia em que a humanidade alcançará o mais elevado ponto de sua presença aqui na Terra.
Quanto aos cachorros, diria que são companhias interessantíssimas. Até o presidente Obama ganhou um. Deram-lhe o nome de BO (pronuncia-se Bô). Uns dizem que BO é a abreviatura de Barack Obama. Desde o dia que em chegou à Casa Branca o totó foi recebido com todas as honrarias. Ora, se tratamos e nos damos bem com os cachorros (eles são merecedores) porque nos intrigamos com os seres humanos? Vamos parar com isso! Pouco esforço é suficiente. Basta um pouco de educação, coração aberto e a certeza de que não somos inimigos. Somos irmãos e fraternalmente devemos sempre proceder. Mesmo que o outro cometa deslizes é nosso dever desculpá-lo. É isso aí. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires (*) Professor UESB-FAINOR







2 comentários:
Caro Professor Paulo Pires, mais uma vez felicito-o pela bela e educativa crônica. Assim, é, que deve pensar a população de um modo geral. Como também sou um ótimo observador, as vezes que vou ao CEASA aqui em Conquista, fico imaginando, como é que um trabalhador braçal consegue carregar tanto peso, toma umas doses de cachaça, come buchada, tripa frita, sarapatel etc, e não possui colasterol alto, não sofre de depressão, não está com diabetes, enfim não está nem aí para quem inventou a crise, ou a inflação. Mas uma vez os meus parabéns. Afranio Garcez, cada vez mais seu admirador.
Antes de comentar a crônica do meu amigo e mestre Paulo Pires; tenho que fazer uma ressalva ao comentário do Afrânio Garcês. Amigo Afrânio, quem foi que lhe disse que aqueles estivadores lá do CEASA não sofrem de Triglicéridios, Colesterol Alto, de Diabetes e até mesmo de Depressão? A pinga é exatamente o que lhes fazem esquecer esses males; deixa só qualquer um deles encontrar um médico pela frente, e não precisa ser muito elaborado não, para lhes revelarem o quanto eles estão sofrendo com todos esses males silenciosos citados; e se descuidarem, o médico ainda vão lhes descobrirem uma próstata! Espere e verá!!!
Bom, vou à crônica do Paulo Pires: Amigo paulo, ainda hoje à tarde eu fui à uma Lotérica para fazer um joguinho na Lotofácil. E as meninas lá da Lotérica ficaram disputando quem ia me vender umas cotas de um bolão da Mega-Sena. Elas diziam que o prêmio para o próximo sábado é de 30 milhões. Eu respondi para elas (todas minhas amigas) que eu não queria correr o risco de ficar tão milionário assim, pois, esse dinheiro todo, só virá me trazer muitos aborrecimentos, tais como: a melhor aplicação, não jogar todo o dinheiro numa aplicação só, reservar uma parte para imóveis (nunca compre apartamentos, pois, este tipo de imóvel tem vida útil muito curta, e quanto mais velho fica, pior fica a sua estrutura; é igual a carro quando vai ficando velho, a depreciação é impressionante, sem falar de um mal que todos os donos de apartamentos têm e que eu, por mais rico que eu esteja eu não me conformo, que é o pagamento mensal de um condomínio, que a cada ano aumenta de preço da mensalidade, em contrapartida o imóvel deprecia), vai aparecer parentes de todo credo e raça (olha eu falando de Raça!); amigos, nem se fala! Aqueles que antes do prêmio te viam ao longe e mudavam de calçada, logo, logo, começam a fazer questão de ficar na mesma calçada para lhe apertar a mão; neste caso, você é que terá de mudar de calçada. Por isso e muitos outros inconvenientes, é que eu me arrisco a só ganhar um prêmio tipo 600, 800 mil; estará de bom tamanho e não nos trará tantos inconvenientes.
Francisco - Curitiba-PR
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