2010: o ano que não quer chegar
Parece que não, mas os políticos brasileiros estão trabalhando suas candidaturas para o ano de 2010 com muita força. Todo mundo se movimentando. E não é pouco. 2010 é o ano. Desde o presidente Lula até o menos destacado político do interior, há um verdadeiro rebuliço para assegurar vagas dentro dos partidos. Os partidos, como se sabe, chamam-se assim porque são parte da sociedade. Nos regimes de exceção não existem partidos (ou quando existe apenas um se destaca, casos de Cuba e China). Por isso os Estados que adotam esse regime são classificados politicamente de totalitários (só existe um partido, então ele é o tal, ou melhor, Total). Começo assim nossa aula de sociologia política de botequim.
Ideologia é um conjunto de ideias que orientam as pessoas quanto a visão de mundo, interesses de grupo e filosofia de vida. Os marxistas tem uma ideologia, os burgueses outra, os anarquistas vão na via oposta e assim vamos levando a vida. O certo é que nenhuma ideologia, facção ou partido político está irrepreensivelmente certo ou inquestionavelmente exato. A civilização precisa de todos os pensamentos para compor a rede social para transformar a vida em algo melhor. A coisa funciona mais ou menos como aquele poema de João Cabral de Mello Neto sobre o amanhecer e a necessidade de um galo que precisa de outro galo, que busca outro e assim sucessivamente até se juntarem para tecer a manhã.
Daí surge o pensamento complexo. A cada ideologia ou pensamento, se sobrepõe outro que parece ser melhor, mas que acaba falecendo com a proximidade de outros. Mestre Anísio Teixeira repetia constantemente não ter compromisso com nenhuma ideologia. Eis aí um conceito bom de Liberdade. Toda pessoa ou segmento social que está atrelada a uma ideologia e não muda, está em sua essência presa aos grilhões que a impedem de mergulhar por mares nunca dantes navegados. Está acorrentada, presa a uma enorme pedra. Mestre Anísio quando se apercebeu disso, bradou: “Não tenho compromissos com as minhas ideias”. O cronista que ora vos escreve diria que também não. Parodiando Descartes, diria: “Penso, logo desisto!”.
Mas o ano de 2010 não quer chegar. Apesar disso, 17 ministros do governo Lula anunciaram que em abril do ano que vem, cairão fora do governo para se candidatarem a governador e senador pelos respectivos estados. É isso. Como dizia um filósofo pré-socrático “Tudo muda, Panta Rei, menos a ambição”. Eu se pudesse também me candidataria. Mas o povo não me quer. O povo é uma entidade engraçada. Quando quer eleger uma pessoa, o faz com a maior liberdade. Porém quando quer enterrar o cabôco, sai de baixo.
Engraçado é que certas notícias parecem não perturbar nosso povo. Segundo o COAF (órgão do governo federal), nos últimos dois anos o Congresso Nacional gastou em contas telefônicas mais de 80 milhões de reais. Isso parece não ter incomodado o povo de jeito nenhum. Por causa disso, volto a pensar e fixar-me na ideia antiga de que se instalarmos uma Monarquia aqui parece que teremos custo menor.
Em outra crônica cheguei a falar sobre monarquia e títulos nobiliárquicos. Tudo em razão de minha descrença na República. Nossa república não é das mais transparentes. Aqui as coisas funcionam debaixo do pano. Se levarmos em conta que nosso último Imperador (Pedro II) saiu do governo mais liso do que pau de sebo e que os seus descendentes levam uma vida super modesta, creio que vale a pena termos como forma de governo uma Monarquia. Ah, se voltássemos a ela... Tenho até alguns nomes para compor nossa nobreza. José Valter (o elegante) seria o duque do Bem Querer, ou quem sabe do Candeias. Antônio Roberto o Barão do Bá Jurema, Josa do Cai Um, o Visconde do BNH, seu Bem Padre o Arquiduque do Alto Maron e por aí a fora. Já imaginou a gente cumprimentando as pessoas: Bom dia seu Barão! Boa tarde seu Visconde! Boa noite seu Duque! O único duque que eu conheço é Pedro Duque (um dos dirigentes importantes do nosso futebol amador).
Com certeza esses nobres custariam bem menos à Nação. Prá começar tem vida própria, não se envolvem em falcatruas e ainda por cima, ofereceriam dotes a quem casar com os seus filhos. Destaque-se ainda que não veem o poder pelo poder. Querem apenas o bem estar da sociedade e os seus próprios sem tirar nada de ninguém. Tem mais: Quando estão em seus feudos são muito sociáveis e não tem aquela mania de fazer igual aos deputados e senadores atuais que adquiriram o mau hábito de dar tapinhas no peito de quem conversam. Nossos amigos são discretos e mais sinceros. Bem, enquanto 2010 não chega, vamos delirando sobre a possibilidade de termos aqui uma Monarquia. Um abraço cordial e até a próxima. Paulo Pires
(*) Professor UESB-FAINOR.
Parece que não, mas os políticos brasileiros estão trabalhando suas candidaturas para o ano de 2010 com muita força. Todo mundo se movimentando. E não é pouco. 2010 é o ano. Desde o presidente Lula até o menos destacado político do interior, há um verdadeiro rebuliço para assegurar vagas dentro dos partidos. Os partidos, como se sabe, chamam-se assim porque são parte da sociedade. Nos regimes de exceção não existem partidos (ou quando existe apenas um se destaca, casos de Cuba e China). Por isso os Estados que adotam esse regime são classificados politicamente de totalitários (só existe um partido, então ele é o tal, ou melhor, Total). Começo assim nossa aula de sociologia política de botequim.
Ideologia é um conjunto de ideias que orientam as pessoas quanto a visão de mundo, interesses de grupo e filosofia de vida. Os marxistas tem uma ideologia, os burgueses outra, os anarquistas vão na via oposta e assim vamos levando a vida. O certo é que nenhuma ideologia, facção ou partido político está irrepreensivelmente certo ou inquestionavelmente exato. A civilização precisa de todos os pensamentos para compor a rede social para transformar a vida em algo melhor. A coisa funciona mais ou menos como aquele poema de João Cabral de Mello Neto sobre o amanhecer e a necessidade de um galo que precisa de outro galo, que busca outro e assim sucessivamente até se juntarem para tecer a manhã.
Daí surge o pensamento complexo. A cada ideologia ou pensamento, se sobrepõe outro que parece ser melhor, mas que acaba falecendo com a proximidade de outros. Mestre Anísio Teixeira repetia constantemente não ter compromisso com nenhuma ideologia. Eis aí um conceito bom de Liberdade. Toda pessoa ou segmento social que está atrelada a uma ideologia e não muda, está em sua essência presa aos grilhões que a impedem de mergulhar por mares nunca dantes navegados. Está acorrentada, presa a uma enorme pedra. Mestre Anísio quando se apercebeu disso, bradou: “Não tenho compromissos com as minhas ideias”. O cronista que ora vos escreve diria que também não. Parodiando Descartes, diria: “Penso, logo desisto!”.
Mas o ano de 2010 não quer chegar. Apesar disso, 17 ministros do governo Lula anunciaram que em abril do ano que vem, cairão fora do governo para se candidatarem a governador e senador pelos respectivos estados. É isso. Como dizia um filósofo pré-socrático “Tudo muda, Panta Rei, menos a ambição”. Eu se pudesse também me candidataria. Mas o povo não me quer. O povo é uma entidade engraçada. Quando quer eleger uma pessoa, o faz com a maior liberdade. Porém quando quer enterrar o cabôco, sai de baixo.
Engraçado é que certas notícias parecem não perturbar nosso povo. Segundo o COAF (órgão do governo federal), nos últimos dois anos o Congresso Nacional gastou em contas telefônicas mais de 80 milhões de reais. Isso parece não ter incomodado o povo de jeito nenhum. Por causa disso, volto a pensar e fixar-me na ideia antiga de que se instalarmos uma Monarquia aqui parece que teremos custo menor.
Em outra crônica cheguei a falar sobre monarquia e títulos nobiliárquicos. Tudo em razão de minha descrença na República. Nossa república não é das mais transparentes. Aqui as coisas funcionam debaixo do pano. Se levarmos em conta que nosso último Imperador (Pedro II) saiu do governo mais liso do que pau de sebo e que os seus descendentes levam uma vida super modesta, creio que vale a pena termos como forma de governo uma Monarquia. Ah, se voltássemos a ela... Tenho até alguns nomes para compor nossa nobreza. José Valter (o elegante) seria o duque do Bem Querer, ou quem sabe do Candeias. Antônio Roberto o Barão do Bá Jurema, Josa do Cai Um, o Visconde do BNH, seu Bem Padre o Arquiduque do Alto Maron e por aí a fora. Já imaginou a gente cumprimentando as pessoas: Bom dia seu Barão! Boa tarde seu Visconde! Boa noite seu Duque! O único duque que eu conheço é Pedro Duque (um dos dirigentes importantes do nosso futebol amador).
Com certeza esses nobres custariam bem menos à Nação. Prá começar tem vida própria, não se envolvem em falcatruas e ainda por cima, ofereceriam dotes a quem casar com os seus filhos. Destaque-se ainda que não veem o poder pelo poder. Querem apenas o bem estar da sociedade e os seus próprios sem tirar nada de ninguém. Tem mais: Quando estão em seus feudos são muito sociáveis e não tem aquela mania de fazer igual aos deputados e senadores atuais que adquiriram o mau hábito de dar tapinhas no peito de quem conversam. Nossos amigos são discretos e mais sinceros. Bem, enquanto 2010 não chega, vamos delirando sobre a possibilidade de termos aqui uma Monarquia. Um abraço cordial e até a próxima. Paulo Pires
(*) Professor UESB-FAINOR.







Um comentário:
Meu Caro Amigo e Mestre Paulo Pires, ao ler o seu artigo na Academia do Papo, confesso que senti um pouco de "inveja". O nobre professor dá uma verdadeira aula de socilogia, politica e cidadania, e eu ainda fico a pensar, somente quem cai no conto do "vote em mim que tudo vai melhorar", são exatamente a classe que mais precisa destas velhas raposas, ou seja, àquele que precisa do favor de um médico, de um advogado etc. Sábias palavras estão inseridas no seu artigo, inclusive a válida citação ao Anísio Teixeira, isso sem falar no escândalos que atravacam o desolvolvimento do País. O professor é mal pago, mas o deputado pode viajar quantas vezes quiser para o exterior levando mulher, sogra, filhos, agregados, quando não resolve comprar castelos. A educação pública hoje na Bahia, é um verdadeiro caos, para não se dizer - está na UTI. A saúde nem é bom falar inda mais hoje que é feriado, e se alguém precisar dos cuidados de um médico ou vai morrer, ou vai esperar para amanhã. Nas cidades circunvizinhas já estão trocando e rescindindo contratos de tecnicos em efermagem, enfermeiras e assistentes sociais, por pessoas leigas, e o interessante, é que o dinheiro para pagar estes profissioanis vem do PSF (Programa da Saúde da Família), e já é caso do Ministério Público Estadual ou Federal, prefiro o último investigar urgentemente. Mas enfim, mais uma excelente crônica, para se ler e pensar neste feriadão. Parabéns. Afranio Garcez.
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