sexta-feira, 13 de março de 2009

Academia do Papo


Três candidatos boçais

Juro prá vocês que anulo meu voto se ano que vem os nomes dos candidatos à presidência da República apontados pela mídia forem mantidos pelas coligações partidárias. Não tenho a menor simpatia pela senhora Dilma Roussef, nem pelo senhor José Serra e muito menos pelo arrogante senhor Ciro Gomes. O que afirmo não é nada pessoal nem político [ou talvez seja os dois]. É simplesmente humano. Se alguém aí tiver dúvida sobre minha antipatia aos três, observe-os num debate e a partir de então ninguém terá dificuldade de constatar que em matéria de arroubo, grosseria, falta de educação, ignorância e prepotência, o Brasil nunca esteve tão bem servido. São três candidatos, em minha opinião, horrorosos. Cada um se acha o tal. Ou como dizem os jovens em forma reduzida: Eles se acham...


Às vezes tenho impressão que a maioria das pessoas não se enxerga. O grande escritor John dos Passos e o laureado publicitário Nizan Guanaes, ao contrário dos três candidatos mencionados, são figuras pelas quais tenho enorme admiração. O primeiro, porque em uma entrevista em 1968, em sua fazenda [Spence’s Point] ao norte do Estado da Virgínia, disse com a maior calma do mundo, que algumas opiniões que emitira em tempos passados não deveriam ser levadas a sério porque eram pontos de vista de “um jovem ignorante recém saído de Harvard”. Isso mesmo, John dos Passos [de Harvard] tinha grandeza suficiente para reconhecer-se ignorante. Por sua vez, Nizan Guanaes afirmou em uma tocante entrevista que a razão de tanto êxito profissional deveria ser atribuída ao fato de ele saber se enxergar. Pronto! Eis aí uma coisa que a maioria não adota como regra matriz: Saber se enxergar. Pelo que observo muita gente tem dificuldade em aprender essa lição.

O fato é que a gente pensa ser uma pessoa, mas os outros nos veem como outra. Quando nos certificamos das opiniões verdadeiras que as pessoas têm sobre nossas personalidades, caímos de costa. Isso é verdade. E digo mais: Se não tivéssemos auto-estima, poucos teríamos coragem de sair de casa. Primeiro porque somos frágeis. Segundo porque escondemos muita coisa ruim que inevitavelmente temos por dentro. Terceiro, porque os seres humanos, sem exceção, não passam de anjos deficientes cheios de fraquezas e iniquidades. Mas isso nunca impediu de os fariseus insistirem em passar impressões de que são perfeitos, lindos, maravilhosos, sem defeitos. Santo Deus! Como somos ignorantes! Acho plausível e até recomendável que não devemos expor nossos problemas existenciais a ninguém, exceto àqueles que nos inspiram confiança e que temos certeza de que jamais seremos zombados por eles. O certo mesmo é ter moderação, cautela, zelo, amor ao próximo, ponderação, humildade e grandeza de espírito. Alguns acham que o certo é deixar que os outros pensem o que quiserem. Como diz a música: “Tô nem aí...”.

No caso específico dos três candidatos, fica implícito pelos discursos que fazem sugerirem de que sem “eles” ou “ela” o Brasil estará perdido. Santa ignorância. Pouco simpatizo com o Sr. FHC [pelos males que fez ao Brasil] mas não posso deixar de dizer que Fernando Henrique era um presidente simpaticíssimo e ponderadíssimo em suas observações. Creio que o equilíbrio político-pessoal de FHC se dava pelo fato de ele ser um homem de bons estudos e acima de tudo, de bons costumes. Nosso ex-presidente sabia onde começava sua ignorância, seus desconhecimentos, suas limitações. O Ciro Gomes, ao contrário de FHC, se considera um “Clinico Geral”. Sabe tudo. E expõe sobre as coisas como se fosse um verdadeiro semi-Deus. Prá mim, ele não passa de um ignorante tirado a sabido. Tirado a sabido sim, porque em sábio dificilmente se transformará.

Quanto à senhora Dilma Roussef, para não ser grosseiro [dizem que ela merece], reafirmo que só lhe daria uma força mediante duas condições: John Lennon voltar a se apresentar em um show com os Beatles e a minha mãe ressuscitar e pedir-me o voto. Afora isso, é impossível. Em relação ao senhor José Serra, nem pensar. Apesar de considerá-lo o menos pior dos três, quando penso na possibilidade de ele estar na presidência, imediatamente me vem a idéia que o seu lema será o de sempre: “Tudo prá São Paulo”. Portanto, não votarei em nenhum dos três e adeus Bahia. Acrescento que minha decisão se dá por uma visão peculiar que me persegue desde tempos imemoriais: Sou amante da vida com liberdade e esses candidatos só vivem em função do Poder e do Controle. Não sou muito chegado a pessoas que vivem ligados a esses mecanismos. Estou na linha de Lennon que disse: “Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as mereci”. Torço pelo surgimento de outras opções, senão será a primeira vez na vida que anularei o voto. Infelizmente não tenho, como Chico Buarque, um apartamento em Paris. Quanto Collor se elegeu, Chico arrumou a trouxa e se mandou para a capital francesa. Na saída disse que enquanto o Caçador de Marajás fosse presidente do Brasil ele, Chico, aqui não poria os pés. Dito e feito. No meu caso, sem apartamento na Europa, o que me sobra é o triste pressentimento de que viverei em um País governado por um dos três (com indisfarçável antipatia). Senhor tende piedade de nós. . Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires - (*) Professor UESB-FAINOR.

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