sábado, 18 de outubro de 2008

Baianos curtem o enoturismo no Vale do São Francisco

Liana Rocha, A Tarde
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Já faz algum tempo que intrépidos baianos se aventuram mais e mais pelas águas de Baco. As descobertas que tanto recompensam estes ávidos navegantes ganham novo relevo com a chegada para valer de vinhos uruguaios e com o lançamento de um roteiro de enoturismo na região do Vale do São Francisco.

Quem gosta de conhecer novos sabores deve aprovar a variada seleção que a vinícola Pisano, através da importadora Mistral, está trazendo para a cidade. A intenção é apresentar aos baianos o ainda pouco conhecido vinho do país vizinho.

Para “farejar” o recém-chegado em primeira mão, apreciadores e conhecedores da bebida foram convidados para degustação realizada no restaurante Porto Gourmet (Contorno). O Cisplatino cabernet franc rosado 2007, o Cisplatino tannat/merlot 2005, o Rio de Los Pájaros viognier 2004 e o Rio de Los Pájaros merlot/tannat 2005 fizeram as honras da casa pela mão da diretora comercial da Pisano, Fabiana Bracco.

Personalidade – “No mundo inteiro você acha vinhos muito bons, mas muito parecidos. O vinho é um produto vivo, que tem que mostrar suas diferenças, sua personalidade”, acredita ela. Os da vinícola Pisano até exibem sua força, mas de maneira equilibrada, domando, por exemplo, um tannat muito encorpado.

“O envelhecimento na delicada madeira das barricas francesas, o trabalho de rendimento dos vinhedos, tudo isso torna o tanino bastante elegante“, assegura Fabiana.

Apesar de ainda não ter trazido toda a linha para cá, a diretora já anuncia algumas inovações que devem fazer com que os uruguaios garantam de vez seu lugar nas adegas baianas junto aos já familiares chilenos e argentinos: um vinho fortificado (que recebe aguardente vínica , tornando-se mais alcoólico) 100% tannat e um espumante da mesma uva, “totalmente preto“.

Espumantes – E se é para falar da festiva bebida com bolhinhas, a Bahia está muito bem na fita. Este é um dos produtos saídos diretamente do Vale do São Francisco, que acaba de ganhar um roteiro de enoturismo promovido pela Bahiatursa. Agora já dá para passear por vinhedos, conhecer o processo de fabricação da bebida e ainda aproveitar as delícias da região.

É na fazenda Ouro Verde, da vinícola Miolo, em Casa Nova (a 573 km de Salvador), que se produz o espumante mais vendido no Brasil, o Terranova moscatel, com a uva da família moscato. E a luxuosa bebida é tão soberba que ignora indicações e acaba se encaixando onde quer, como brinca o enólogo.

“Para harmonizar com ele o ideal seria sobremesa à base de frutas, pela doçura, mas o moscatel tem uma legião de fãs que o toma como coquetel, na refeição, do jeito que acha melhor“, afirma.

Além do doce moscatel, a Ouro Verde produz espumante seco, o Terranova brut, e o semi-seco, o Terranova demi-sec. “A grande vocação da fazenda é o espumante“, confirma o enólogo Evandro Giaccobo, diretor regional da Miolo em Salvador.

Mas nem só de borbulhas vive o vinho baiano. Aqui também se produz o Reserve cabernet sauvignon/shiraz, o shiraz, o dry muscat, o Late Harvest. Todos, vinhos para ser saboreados jovens.

“Não é por ser jovial que ele é de menor qualidade. Vinho bom é o bem elaborado”, esclarece Giaccobo, lembrando que no dia-a-dia, a tendência mundial é privilegiar os vinhos mais jovens, frutados e leves. Para combinar com os vinhos da região, ele recomenda os pratos típicos de lá, como surubim na brasa.



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