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Observador da natureza e da história recente da Chapada Diamantina, o fotógrafo Aristides Alves reúne no livro Garimpo de imagens uma série de registros que tem feito desde 1978. Na época, acompanhou as primeiras investidas do governo do Estado na descoberta do novo destino turístico, com a construção da primeira pousada.
A cidade de Lençóis começava a ser despertada para a nova página de sua história. Os diamantes tinham rareado, os líderes políticos das batalhas do coronelismo, esquecidos. Restavam a natureza intocada, o casario saudoso e sua gente simples, cordial, sorridente.
E não tardou que chegassem as lentes. As imagens encontravam o seu destino pelo olhar dos primeiros fotógrafos, que, como Aristides, a cada viagem, a cada revelação dos negativos, experimentava a alegria da descoberta de um novo rincão. E vinham flores, e vinham serras, cachoeiras, negros e negras, sobrados e solares, jarês e picuás, bocapius, marujada, reis, rainhas, mestres e meninos que viraram guias para os aventureiros que chegavam de toda parte.
A cidade despertou para a chegada de cabeludos, artistas e de uma geração de debandados das grandes cidades e desbundados com tanta beleza, tanta pureza. Lá se vão 30 anos de memória, que Aristides ajudou a construir. Lençóis puxou o bonde e atrás dela foram se revelando outras cidades da Chapada, também situadas nos contrafortes da Serra do Sincorá, onde o garimpo de diamantes deixou as suas marcas.
Para Aristides, a Chapada “é uma outra Bahia dentro da Bahia”. Ele fala da singularidade da paisagem, mas também e, principalmente da cultura. Testemunha de três décadas transcorridas, ele destaca que acompanhou o processo de transição para a fase atual, com o fim do garimpo e o impulso do turismo que deu nova vida à economia.
“Mas também trouxe problemas, que ainda desafiam, como a pouca atenção à saúde e ao saneamento”. Ele reclama de problemas como a falta de tratamento dos esgotos. Outra preocupação do fotógrafo é com as queimadas, que costumam ocorrer no período de seca.
De férias – Mineiro, de Belo Horizonte, ele veio de férias e não voltou mais. “É aquela história, chega à Bahia, acha uma baiana ...”, conta. Ao todo tem sete livros de fotografias, entre os quais destaca-se Biomas da Bahia, no qual mostra as particularidades da natureza em suas diversas fisionomias: mata atlântica, cerrado, caatinga e zona costeira.
Garimpo de imagens é o seu segundo livro de fotografias da Chapada e foi produzido com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. É apresentado pelo cineasta e escritor Orlando Senna e traz a “visão panorâmica” da Chapada Diamantina escrita por Roy Funch, com informações e dados da história da região e dos diversos aspectos do ambiente natural.
O sociólogo Gustavo Falcón contribui com suas impressões sobre o lugar e a pedagoga Lílian Pacheco conta a experiência da ong Grãos de Luz e Griô, que atua na comunidade de Lençóis com educação, cultura oral e economia comunitária. O Griô venceu o prêmio Itaú Unicef 2003 dentre 1834 projetos.
O lançamento de Garimpo de imagens começou pelo Vale do Capão, em Palmeiras, no dia 12, em seguida na Associação dos Pescadores do Remanso, no dia 16, e no dia 17, na galeria do Iphan, também em Lençóis. Em novembro, será a vez do lançamento em Rio de Contas, na Casinha dos Sonhos e Bonecos, no dia 27.
O livro será distribuído pela ong Grãos de Luz e Griô e terá a renda revertida para as ações da entidade que Aristides escolheu para apoiar. “Me identifico com os projetos em educação, turismo de base comunitária e a cultura dos griôs e mestres e seus saberes orais, histórias e tradições”, diz.
SERVIÇO:
Garimpo de imagens
Aristides Alves
Asa Foto
R$ 80
graosgrio@yahoo.com.br
Maiza de Andrade, do A Tarde
A cidade de Lençóis começava a ser despertada para a nova página de sua história. Os diamantes tinham rareado, os líderes políticos das batalhas do coronelismo, esquecidos. Restavam a natureza intocada, o casario saudoso e sua gente simples, cordial, sorridente.
E não tardou que chegassem as lentes. As imagens encontravam o seu destino pelo olhar dos primeiros fotógrafos, que, como Aristides, a cada viagem, a cada revelação dos negativos, experimentava a alegria da descoberta de um novo rincão. E vinham flores, e vinham serras, cachoeiras, negros e negras, sobrados e solares, jarês e picuás, bocapius, marujada, reis, rainhas, mestres e meninos que viraram guias para os aventureiros que chegavam de toda parte.
A cidade despertou para a chegada de cabeludos, artistas e de uma geração de debandados das grandes cidades e desbundados com tanta beleza, tanta pureza. Lá se vão 30 anos de memória, que Aristides ajudou a construir. Lençóis puxou o bonde e atrás dela foram se revelando outras cidades da Chapada, também situadas nos contrafortes da Serra do Sincorá, onde o garimpo de diamantes deixou as suas marcas.
Para Aristides, a Chapada “é uma outra Bahia dentro da Bahia”. Ele fala da singularidade da paisagem, mas também e, principalmente da cultura. Testemunha de três décadas transcorridas, ele destaca que acompanhou o processo de transição para a fase atual, com o fim do garimpo e o impulso do turismo que deu nova vida à economia.
“Mas também trouxe problemas, que ainda desafiam, como a pouca atenção à saúde e ao saneamento”. Ele reclama de problemas como a falta de tratamento dos esgotos. Outra preocupação do fotógrafo é com as queimadas, que costumam ocorrer no período de seca.
De férias – Mineiro, de Belo Horizonte, ele veio de férias e não voltou mais. “É aquela história, chega à Bahia, acha uma baiana ...”, conta. Ao todo tem sete livros de fotografias, entre os quais destaca-se Biomas da Bahia, no qual mostra as particularidades da natureza em suas diversas fisionomias: mata atlântica, cerrado, caatinga e zona costeira.
Garimpo de imagens é o seu segundo livro de fotografias da Chapada e foi produzido com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia. É apresentado pelo cineasta e escritor Orlando Senna e traz a “visão panorâmica” da Chapada Diamantina escrita por Roy Funch, com informações e dados da história da região e dos diversos aspectos do ambiente natural.
O sociólogo Gustavo Falcón contribui com suas impressões sobre o lugar e a pedagoga Lílian Pacheco conta a experiência da ong Grãos de Luz e Griô, que atua na comunidade de Lençóis com educação, cultura oral e economia comunitária. O Griô venceu o prêmio Itaú Unicef 2003 dentre 1834 projetos.
O lançamento de Garimpo de imagens começou pelo Vale do Capão, em Palmeiras, no dia 12, em seguida na Associação dos Pescadores do Remanso, no dia 16, e no dia 17, na galeria do Iphan, também em Lençóis. Em novembro, será a vez do lançamento em Rio de Contas, na Casinha dos Sonhos e Bonecos, no dia 27.
O livro será distribuído pela ong Grãos de Luz e Griô e terá a renda revertida para as ações da entidade que Aristides escolheu para apoiar. “Me identifico com os projetos em educação, turismo de base comunitária e a cultura dos griôs e mestres e seus saberes orais, histórias e tradições”, diz.
SERVIÇO:
Garimpo de imagens
Aristides Alves
Asa Foto
R$ 80
graosgrio@yahoo.com.br
Maiza de Andrade, do A Tarde
Um comentário:
Essa imagem da chapada diamantina - faz-me esquecer, do grand canyon - cenário da maioria dos filmes de faroeste americanos!. RGS.
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