Lula, um cara chato.
Se existe uma figura intragável para um grande contingente da burguesia brasileira, esse cara chama-se Luís Inácio Lula da Silva. O Lula tem um timbre vocal desagradável, uma barba horrível, uns olhos mareados e algumas vezes avermelhados (dizem que é de cachaça), uma língua presa, um pescoço curto, uma barriga de comedor de água e uma falta de estilo que deixa a todos estarrecidos. Lula não sabe falar. Lula é ignorante. Lula é conivente. Lula é horroroso. Lula não nos representa à altura (até porque não tem altura), enfim, Lula é um cara chato. Quer saber? Lula é detestável.
A nossa burguesia, assim como a de todos os lugares, tem um etos esquisito. Ela pensa um mundo bonito (cheia de povo bonito). Anseia transformar permanentemente todos os seus momentos em instantes de puro prazer. Todas as suas reivindicações pessoais em realidade própria e todas as suas necessidades microcósmicas em matéria de uso particular. A matéria dos outros, a realidade e as reivindicações dos outros pouco importa. O que interessa é a felicidade pessoal dele, o burguês. O resto é resto. O resto que se dane. O mundo que pegue fogo.
Para se ter uma idéia do que digo, passo a narrar o que presenciei recentemente. Há poucos dias estava eu em uma fila de banco e um cidadão, reconhecidamente burguês, sem que ninguém lhe perguntasse nada, deitou falação sobre o nosso Presidente. O homem começou tentando delinear o perfil sócio-econômico do sapo barbudo. Disse que Lula é um desgraçado que veio do nordeste (acho que a geografia dele é diferente da nossa), se aproveitou do Sindicato dos Metalúrgicos, enganou a todo mundo e de repente virou Presidente do Brasil. Disse que só um povo besta como o brasileiro teria coragem de votar num merda (palavras dele) como esse Lula. Esse homem, continuou nosso amigo, está hoje nessa posição porque o Brasil não é um país sério. Num país de pessoas sérias ele não teria condições de arranjar emprego nem para limpar privadas de uma estação de trem. Mas o nosso povo gosta de ser enganado, prosseguia nosso personagem. Interessante é que a maioria das pessoas, pelo que pude perceber, não estava lá muito concordando com ele.
O homem espumava e esbravejava contra Lula. Um office-boy que estava logo atrás perguntou: Qual foi o presidente que o senhor mais gostou? Ele afirmou na tampa: Fernando Henrique. O boy olhou para nós outros, como se quisesse uma aprovação rápida do que ia dizer e respondeu: “Fernando Henrique deixou nós com um salário mínimo de 78 dólares!”. O homem, demonstrando total descontrole disse que em todos os países é assim. Uns ganham mais, outros menos. O boy retrucou: “Mas aqui tava menos de mais!”. Nosso burguesinho deu um passo para trás, olhou para os sapatos e a roupa do office-boy e sem dizer nada (mas deixou que todos percebêssemos o que ele queria dizer), murmurou umas duas palavras ininteligíveis.
Nesse momento a fila deu uma andada e todos ficamos em silêncio. O que ficou claro, em relação ao Sr. Lula, é que há contra ele, um ódio figadal do lado dessa burguesia. As pessoas do povo não sabem explicar bem. Mas o pessoal da sociologia política – doutores no assunto - já detectou com muita clareza quais sãos as razões desse ódio. Os privilégios quando são perdidos, deixam as pessoas enfurecidas. Ai daquele que interromper esse ciclo. Ainda não nos habituamos a regimes democráticos mais prolongados. Somos neófitos nessa matéria. Toda vez que estamos nos aprimorando aparece logo uns espíritos de porco para esculhambar o processo.
Parece que dessa vez passaremos dos trinta anos sem que haja interrupção do regime. Claro que algumas pessoas não estão gostando nada disso. Tem gente por aí furiosa porque a crise que ora detona o mundo ainda não nos pegou. Eles conclamam: Essa crise tem que nos pegar. Esse Lula não pode sair do seu governo sem que haja alguma coisa para desmoralizá-lo. Necessita-se urgentemente de alguma coisa para botar esse governo abaixo. Esse barbudo não pode sair daqui como Grande. Alguma coisa tem que acontecer. E o barbudo, por incrível que pareça, manda o povo comprar. E do alto de sua intuição genial, brada: “A CARAVANA PASSA E OS CÃO, LADRA!”. Boa, Lula! Erre no português, mas não na Administração do País. Viva o senhor da Silva. Um abraço para todos (inclusive os despeitados) e até a próxima.
Paulo Pires
(*) PROFESSOR UESB-FAINOR.
Se existe uma figura intragável para um grande contingente da burguesia brasileira, esse cara chama-se Luís Inácio Lula da Silva. O Lula tem um timbre vocal desagradável, uma barba horrível, uns olhos mareados e algumas vezes avermelhados (dizem que é de cachaça), uma língua presa, um pescoço curto, uma barriga de comedor de água e uma falta de estilo que deixa a todos estarrecidos. Lula não sabe falar. Lula é ignorante. Lula é conivente. Lula é horroroso. Lula não nos representa à altura (até porque não tem altura), enfim, Lula é um cara chato. Quer saber? Lula é detestável.
A nossa burguesia, assim como a de todos os lugares, tem um etos esquisito. Ela pensa um mundo bonito (cheia de povo bonito). Anseia transformar permanentemente todos os seus momentos em instantes de puro prazer. Todas as suas reivindicações pessoais em realidade própria e todas as suas necessidades microcósmicas em matéria de uso particular. A matéria dos outros, a realidade e as reivindicações dos outros pouco importa. O que interessa é a felicidade pessoal dele, o burguês. O resto é resto. O resto que se dane. O mundo que pegue fogo.
Para se ter uma idéia do que digo, passo a narrar o que presenciei recentemente. Há poucos dias estava eu em uma fila de banco e um cidadão, reconhecidamente burguês, sem que ninguém lhe perguntasse nada, deitou falação sobre o nosso Presidente. O homem começou tentando delinear o perfil sócio-econômico do sapo barbudo. Disse que Lula é um desgraçado que veio do nordeste (acho que a geografia dele é diferente da nossa), se aproveitou do Sindicato dos Metalúrgicos, enganou a todo mundo e de repente virou Presidente do Brasil. Disse que só um povo besta como o brasileiro teria coragem de votar num merda (palavras dele) como esse Lula. Esse homem, continuou nosso amigo, está hoje nessa posição porque o Brasil não é um país sério. Num país de pessoas sérias ele não teria condições de arranjar emprego nem para limpar privadas de uma estação de trem. Mas o nosso povo gosta de ser enganado, prosseguia nosso personagem. Interessante é que a maioria das pessoas, pelo que pude perceber, não estava lá muito concordando com ele.
O homem espumava e esbravejava contra Lula. Um office-boy que estava logo atrás perguntou: Qual foi o presidente que o senhor mais gostou? Ele afirmou na tampa: Fernando Henrique. O boy olhou para nós outros, como se quisesse uma aprovação rápida do que ia dizer e respondeu: “Fernando Henrique deixou nós com um salário mínimo de 78 dólares!”. O homem, demonstrando total descontrole disse que em todos os países é assim. Uns ganham mais, outros menos. O boy retrucou: “Mas aqui tava menos de mais!”. Nosso burguesinho deu um passo para trás, olhou para os sapatos e a roupa do office-boy e sem dizer nada (mas deixou que todos percebêssemos o que ele queria dizer), murmurou umas duas palavras ininteligíveis.
Nesse momento a fila deu uma andada e todos ficamos em silêncio. O que ficou claro, em relação ao Sr. Lula, é que há contra ele, um ódio figadal do lado dessa burguesia. As pessoas do povo não sabem explicar bem. Mas o pessoal da sociologia política – doutores no assunto - já detectou com muita clareza quais sãos as razões desse ódio. Os privilégios quando são perdidos, deixam as pessoas enfurecidas. Ai daquele que interromper esse ciclo. Ainda não nos habituamos a regimes democráticos mais prolongados. Somos neófitos nessa matéria. Toda vez que estamos nos aprimorando aparece logo uns espíritos de porco para esculhambar o processo.
Parece que dessa vez passaremos dos trinta anos sem que haja interrupção do regime. Claro que algumas pessoas não estão gostando nada disso. Tem gente por aí furiosa porque a crise que ora detona o mundo ainda não nos pegou. Eles conclamam: Essa crise tem que nos pegar. Esse Lula não pode sair do seu governo sem que haja alguma coisa para desmoralizá-lo. Necessita-se urgentemente de alguma coisa para botar esse governo abaixo. Esse barbudo não pode sair daqui como Grande. Alguma coisa tem que acontecer. E o barbudo, por incrível que pareça, manda o povo comprar. E do alto de sua intuição genial, brada: “A CARAVANA PASSA E OS CÃO, LADRA!”. Boa, Lula! Erre no português, mas não na Administração do País. Viva o senhor da Silva. Um abraço para todos (inclusive os despeitados) e até a próxima.
Paulo Pires
(*) PROFESSOR UESB-FAINOR.
3 comentários:
Em tempos remotos, barba como a do presidente Lula.Tinha o valor de uma assinatura!.Embora, não é apenas a barba que compõe o esteríotipo do presidente.porém sem a barba, não será o mesmo!!!.Com base nessa observação, tem um sujeito, candidato a vereador em V. da Conquista,venceu as eleições por um bigode(?)!.
Paulo, alguns comentários sobre o Lula. Você morava aqui no Rio de Janeiro quando apareceu o Lula e se lembra como discutimos sobre o nascimento do PT. Abaixo, alguns comentários sobre o presidente. Não entenda como patrulha ideológica (termo antigo, por sinal), afinal, estamos numa democracia.
A estatística diz que Lula tem popularidade alta. O rol pesquisado é pequeno em relação à população brasileira. Mas a estatística mostra o que quer se mostrar. Lula é amigo, hoje, de Collor, Renan, Jader, ACM (enquanto vivo), chorou no enterro do Roberto Marinho. Quem viu nascer o PT, acreditava mais no barbudo. Defenestrava o imposto de renda, mas hoje nada faz para acabar com a extorsão que é o imposto. Se vangloria de er sido preso na ditadura, mas não comenta sobre o contracheque de mais R$ 4.500 que recebe como ex preso político (sem dedução de imposto de renda).
O jovem JK, de 12 anos, ganha seu primeiro par de sapatos. Passou fome. Jurou estudar e ser alguém. Com inúmeras dificuldades, concluiu Medicina e se especializou em Paris. Como presidente, modernizou o Brasil. Legou um rol impressionante de obras e amantes; humilde e obstinado, é (e era) querido por todos.
Em 2003 Lula assume a presidência. Arrogante, se vangloria de não ter estudado. Acha bobagem falar inglês. 'Tenho diploma da vida', afirma. E para ele basta. Meses depois, diz que ler é um hábito chato e o melhor livro é aquele sem letras, como disse num discurso. Quando era sindicalista, percebeu que poderia ganhar sem estudar e sem trabalhar - sua meta até hoje, ao que parece.
Washington, 1974. A imprensa americana descobre que o presidente Richard Nixon está envolvido até o pescoço no caso Watergate. Ele nega, mas jornais e Congresso o encostam contra a parede, e ele acaba confessando. Renuncia nesse mesmo ano, pedindo desculpas ao povo.
Brasília, 2005. Flagrado no maior escândalo de corrupção da história do País, e tentando disfarçar o desvio de dinheiro público em caixa 2, Lula é instado a se explicar. Ante as muitas provas, Lula repete o 'eu não sabia de nada!', e ainda acusa a imprensa de persegui-lo. Disse que foi 'traído', mas não conta por quem.
Londres, 2001. O filho mais velho do primeiro-ministro Tony Blair é detido, embriagado, pela polícia. Sem saber quem ele é, avisam que vão ligar para seu pai buscá-lo. Com medo de envolver o pai num escândalo, o adolescente dá um nome falso. A polícia descobre e chama Blair, que vai sozinho à delegacia buscar o filho, numa madrugada chuvosa. Pediu desculpas ao povo pelos erros do filho.
Brasília, 2005. O filho mais velho de Lula é descoberto recebendo R$ 5 milhões de uma empresa financiada com dinheiro público. Alega que recebeu a fortuna vendendo sua empresa, de fundo de quintal, que não valia nem um décimo disso. O pai, raivoso, o defende e diz que não admite que envolvam seu filhinho nessa 'sujeira'. Qual sujeira?
Nova Délhi, 2003. O primeiro-ministro indiano pretende comprar um avião novo para suas viagens. Adquire um excelente, brasileiríssimo BEM-195, da Embraer, por US$ 10 milhões.
Brasília, 2003. Lula quer um avião novo para a presidência. Fabricado no Brasil não serve. Quer um dos caros, de um consórcio anglo-alemão. Gasta US$ 57 milhões e manda decorar a aeronave de luxo nos EUA.
A primeira-dama Marisa requer cidadania italiana - e consegue. Explica, candidamente, que quer 'um futuro melhor para seus filhos'. E o futuro dos nossos filhos?
Muito bem,Valter!
Muito bom os comentários que você fez a respeito do presidente Lula em resposta ao entusiasmado colunista Paulo Pires.Lamento que um indivíduo tão esclarecido como o Paulo tenha a memória tão curta, sabe ler e escrever corretamente.Um privilegiado!Deixemos a desinformação e a memória curta para os que não sabem ler e esperam do governo Lula comida do programa "Fome Zero", o "Bolsa Família", aliás mérito do FHC,etc, outros e outros programas tão canalhas como eleitoreiros e populistas e enganadores. Dar estudo pra o povo pra quê. Pouco vejo mudanças na educação brasileira. Também, um merda de ministro como esse Haddad.
Cadê o ex-governador Buarque de Holanda. Doido é ele em se meter com esse governo mentiroso.
Nunca eu vi e ouvi alguém plagiar tão mal o Getúlio Vargas como o presidente Lula; esse "sapo barbudo", no dizer do falecido Brizola.
Continue a escrever, afino com suas opiniões e posições.
Abraço do amigo, também muito conhecido seu do tempo do Rio de Janeiro,
Até breve
Postar um comentário