Como vencer um debate sem ter razão
O filósofo Athur Schopenhauer - que era um sujeito complicadíssimo - escreveu uma obra onde adverte a todos sobre o uso da dialética erística como instrumento de confundir a cabeça dos outros. O livro acabou sem ser concluído, porque o autor foi convidado “a subir” para os céus antes de perturbar a todos aqui na Terra. Quem conhece um pouquinho da História da Filosofia sabe que o alemão era uma cara meio pirado. A começar pelas suas relações com as mulheres (incluindo a própria Mãe). Um sujeito que se relaciona mal com a Mãe já diz bem quem é. E se ele não se dá bem com mulheres, deve ser um biruta completo. A esse propósito, creio que as feministas o excomungam diariamente
Cito o filósofo, porque não assisti ao Debate promovido pela TV UESB. Não sei o que rolou. Só sei que doutor Guilherme Menezes lá não botou os pés. Soube também que houve alguns problemas técnicos, mas que esses foram considerados de somenos importância. O importante mesmo é que pela primeira vez no interior do nordeste do Brasil, uma emissora pública transmitiu um debate com candidatos à prefeitura municipal. Isso, por si, já é um fato da mais alta relevância. No blog da Resenha Geral (Rede Clube) consta o debate em sua inteireza. Assim que puder, assistirei.
Mas qual é o perigo de determinados tipos de retóricas? Rondei pela rede e encontrei um artigo sobre o assunto e abaixo passo a transcrever. Eis o que diz o articulista sobre a referida Dialética:
“Esse tipo de discurso foi analisado pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer em seu Dialética Erística, que aqui no Brasil ganhou nome mais palatável: Como vencer um debate sem precisar ter razão. Eris era a deusa do caos em alguma mitologia que eu não lembro qual é. Portanto, "dialética erística" significa o uso do discurso para causar confusão”.
Debater na internet significa deparar com esse tipo de argumentação, invariavelmente. O triste é que a maioria das pessoas não sabe que está utilizando esses expedientes - basicamente todo mundo acha que está argumentando de verdade. Esse tipo de atitude vem de pessoas que acham que têm a razão apenas por arrogância pura; por martelamento ideológico; por incapacidade de conclusão lógica; pela repetição (de um argumento válido) da outra parte; ou, simplesmente, pela vontade de não dar o braço a torcer; gente que debate não pra aprender, mas pra "ganhar a discussão". (Eu também chamo isso de compensação fálica...).
O livrinho do Schopenhauer relata 38 “estratagemas” para lidar com situações de debate. Alguns exemplos típicos são: argumento ad hominen - ataca-se o argumentador, não o argumento; repetição - repete-se o argumento ad nauseum até a outra parte se esgotar; argumentação circular - duas premissas são usadas para se justificar mutuamente; argumento non sequitur - uma conclusão ilógica é tirada das premissas; argumento de autoridade - o debatedor se refere a alguém cuja posição seria a priori indiscutível. Quantos desses argumentos já não foram vistos por aí?
Antigamente, eu era bem mais ativo nas listas de discussão que assinava. Acabei me tornando um lurker não por falta de vontade de participar, mas apenas porque toda discussão com potencial para se tornar interessante acaba, de alguma maneira, sendo destruída por gente que "raciocina" da maneira acima. É sempre frustrante. Não porque se "perde" a discussão, mas simplesmente porque ela se torna improdutiva e desgastante, e é muito difícil simplesmente pular fora, na maioria dos casos. Pelo menos é para mim, que sou inocente e desejo acreditar que a maioria das pessoas conversa sobre os assuntos para tentar aprender mais sobre eles. Mas acho que a maioria das pessoas não é assim. Minha solução, aliás, é justamente esta aqui: Escrever no blog. Instrumento consultado apenas por amigos, gente que eu sei que, mesmo não concordando comigo, não vai me contradizer apenas por contradizer e, se quiser discutir, vai ser justamente porque acha que a conversa vai valer a pena.
O autor não está mencionado porque a matéria postada não o faz também. Simplesmente estava sobre a mesa de um dos maiores juristas brasileiros: Carlos Alberto Etcheverry. Como não sou político e não entendo de debates, reproduzo os argumentos dos outros, alertando que uma pessoa pode vencer um, mesmo que não tenha razão. Basta ser astuta o suficiente para entender e se aproveitar das deficiências e insuficiências dos seus opositores. Deus que nos ajude na tarefa de identificar o melhor. Um abraço cordial e até a próxima. O grande Anísio Teixeira dizia não ter compromisso com as suas idéias. Tô com ele. Abandono as minhas quando percebo que meu interlocutor apresenta algo melhor que eu. Admito que isso não é tarefa difícil. A maioria das pessoas pensa melhor que eu. Aquele abraço, mais uma vez...
Paulo Pires (*) Professor UESB-FAINOR.
O filósofo Athur Schopenhauer - que era um sujeito complicadíssimo - escreveu uma obra onde adverte a todos sobre o uso da dialética erística como instrumento de confundir a cabeça dos outros. O livro acabou sem ser concluído, porque o autor foi convidado “a subir” para os céus antes de perturbar a todos aqui na Terra. Quem conhece um pouquinho da História da Filosofia sabe que o alemão era uma cara meio pirado. A começar pelas suas relações com as mulheres (incluindo a própria Mãe). Um sujeito que se relaciona mal com a Mãe já diz bem quem é. E se ele não se dá bem com mulheres, deve ser um biruta completo. A esse propósito, creio que as feministas o excomungam diariamente
Cito o filósofo, porque não assisti ao Debate promovido pela TV UESB. Não sei o que rolou. Só sei que doutor Guilherme Menezes lá não botou os pés. Soube também que houve alguns problemas técnicos, mas que esses foram considerados de somenos importância. O importante mesmo é que pela primeira vez no interior do nordeste do Brasil, uma emissora pública transmitiu um debate com candidatos à prefeitura municipal. Isso, por si, já é um fato da mais alta relevância. No blog da Resenha Geral (Rede Clube) consta o debate em sua inteireza. Assim que puder, assistirei.
Mas qual é o perigo de determinados tipos de retóricas? Rondei pela rede e encontrei um artigo sobre o assunto e abaixo passo a transcrever. Eis o que diz o articulista sobre a referida Dialética:
“Esse tipo de discurso foi analisado pelo filósofo alemão Arthur Schopenhauer em seu Dialética Erística, que aqui no Brasil ganhou nome mais palatável: Como vencer um debate sem precisar ter razão. Eris era a deusa do caos em alguma mitologia que eu não lembro qual é. Portanto, "dialética erística" significa o uso do discurso para causar confusão”.
Debater na internet significa deparar com esse tipo de argumentação, invariavelmente. O triste é que a maioria das pessoas não sabe que está utilizando esses expedientes - basicamente todo mundo acha que está argumentando de verdade. Esse tipo de atitude vem de pessoas que acham que têm a razão apenas por arrogância pura; por martelamento ideológico; por incapacidade de conclusão lógica; pela repetição (de um argumento válido) da outra parte; ou, simplesmente, pela vontade de não dar o braço a torcer; gente que debate não pra aprender, mas pra "ganhar a discussão". (Eu também chamo isso de compensação fálica...).
O livrinho do Schopenhauer relata 38 “estratagemas” para lidar com situações de debate. Alguns exemplos típicos são: argumento ad hominen - ataca-se o argumentador, não o argumento; repetição - repete-se o argumento ad nauseum até a outra parte se esgotar; argumentação circular - duas premissas são usadas para se justificar mutuamente; argumento non sequitur - uma conclusão ilógica é tirada das premissas; argumento de autoridade - o debatedor se refere a alguém cuja posição seria a priori indiscutível. Quantos desses argumentos já não foram vistos por aí?
Antigamente, eu era bem mais ativo nas listas de discussão que assinava. Acabei me tornando um lurker não por falta de vontade de participar, mas apenas porque toda discussão com potencial para se tornar interessante acaba, de alguma maneira, sendo destruída por gente que "raciocina" da maneira acima. É sempre frustrante. Não porque se "perde" a discussão, mas simplesmente porque ela se torna improdutiva e desgastante, e é muito difícil simplesmente pular fora, na maioria dos casos. Pelo menos é para mim, que sou inocente e desejo acreditar que a maioria das pessoas conversa sobre os assuntos para tentar aprender mais sobre eles. Mas acho que a maioria das pessoas não é assim. Minha solução, aliás, é justamente esta aqui: Escrever no blog. Instrumento consultado apenas por amigos, gente que eu sei que, mesmo não concordando comigo, não vai me contradizer apenas por contradizer e, se quiser discutir, vai ser justamente porque acha que a conversa vai valer a pena.
O autor não está mencionado porque a matéria postada não o faz também. Simplesmente estava sobre a mesa de um dos maiores juristas brasileiros: Carlos Alberto Etcheverry. Como não sou político e não entendo de debates, reproduzo os argumentos dos outros, alertando que uma pessoa pode vencer um, mesmo que não tenha razão. Basta ser astuta o suficiente para entender e se aproveitar das deficiências e insuficiências dos seus opositores. Deus que nos ajude na tarefa de identificar o melhor. Um abraço cordial e até a próxima. O grande Anísio Teixeira dizia não ter compromisso com as suas idéias. Tô com ele. Abandono as minhas quando percebo que meu interlocutor apresenta algo melhor que eu. Admito que isso não é tarefa difícil. A maioria das pessoas pensa melhor que eu. Aquele abraço, mais uma vez...
Paulo Pires (*) Professor UESB-FAINOR.
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