quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Dia do Bancário

Benjamin Nunes Pereira*


Nesta quinta feira é o dia do bancário, os bancários de todo o país estarão relembrando a data, que surgiu no calendário por meio de uma grande luta travada, quando em uma assembléia histórica realizada em 28 de agosto de 1951, com a presença maciça da categoria, o sindicato de São Paulo decretou greve por considerar o percentual oferecido na época uma gorjeta. Os bancários foram à luta na busca de reivindicações e um reajuste de 40%, salário mínimo profissional e adicional por tempo de serviço.


Bem antes da greve, várias foram as tentativas de negociações com os banqueiros que não acataram, pressionando para que houvesse conciliação no Tribunal Regional do Trabalho. Os bancários não aceitaram o dissídio coletivo e fizeram uma paralisação simbólica de um minuto nas agências de São Paulo no dia 12 de julho de 1951 e outra de três minutos em 02 de agosto do mesmo ano. Ficou evidente a dificuldade de unificar nacionalmente o movimento, pois em quase todos os sindicatos da categoria era marcante a presença de ex-interventores. A contraproposta dos banqueiros foi ridícula: além de excluir o salário profissional e o adicional por tempo de serviço, o reajuste seria baseado nos índices oficiais do curso de vida.
O sindicato se mobilizou e procurou manter a greve, embora alguns estados tenham desistido, é importante salientar que essa greve teve um caráter estadual, uma vez que os paulistas foram seguidos primeiro pelos bancários de Belo Horizonte, que paralisaram durante 22 dias. E ela foi prolongada por mais dois dias, sofrendo muita repressão pelas autoridades, com o DOPS prendendo e espancando os grevistas e ainda sofrendo pressões do governo estadual, Igreja, Ministério do Trabalho e de outros sindicatos bancários que não aderiram à greve. Grande parte da imprensa deu pouca cobertura ao movimento e, quando havia notícias, só eram divulgadas informações dos banqueiros. A organização e a mobilização surpreenderam os banqueiros, que passaram a tentar dividir o movimento, conseguindo que os bancários de Belo Horizonte aceitassem um acordo de 20%, separando a greve de São Paulo. Em setembro, a repressão aumenta, enfraquecendo a paralisação. Políticos que apoiavam o movimento afastaram-se, preocupados com suas candidaturas. Assim mesmo, diversos militantes destemidos sustentavam o movimento. E no dia 5 de novembro, o Tribunal concedeu reajuste de 31%, encerrando a greve de 69 dias. Quando chegou ao final do movimento dessa greve histórica, a repressão foi terrível, pois centenas de bancários foram demitidos e os estáveis foram transferidos.
A partir da experiência dessa greve e da iniciativa de bancários corajosos que surgiu o DIEESE, criado em 1995, da articulação entre os sindicatos no sentido de contrapor aos índices do custo de vida que eram sempre manipulados. Assim sendo, as transferências de lideranças para o interior tiveram como resultado a fundação de vários sindicatos de bancários pelo Estado.
E neste momento, bancários de todo o país estão em campanha salarial reivindicando dos banqueiros um índice de reajuste de 13,23% (inflação mais 5% de aumento real). Assim como Plano de Cargos e Salários (PCS), jornada de 6 horas para todos os bancários, inclusive comissionados, participação nos lucros e resultados, três salários mais valor fixo, sem teto, nem limitador, fim das metas abusivas, Segurança, defesa dos bancos públicos entre outras. É inadmissível, que bancos apresentando em seus balanços lucros exorbitantes, não atendem a categoria bancária em suas reivindicações que são justas e coerentes.
A hora é a agora, bancários uni-vos em busca dos seus direitos.


* Benjamin Nunes Pereira, é diretor do Sindicato dos Bancários de Vitoria da Conquista e Região.

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