sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Estátua de Sal

Por Antônio Alvarenga
tonibb2007@gmail.com
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Muito interessante aquele trecho inicial da música que ecoa a cada propaganda do candidato Guilherme Menezes, na qual se ouve que o povo está com saudade e que espera que ele volte. É uma confissão melodiosa de que o candidato petista encontrava-se distante da cidade e de seu povo, vez que só se tem saudade de quem, há muito tempo, se está privado da presença ou da convivência. No caso do candidato Guilherme, isso fica claro, pois a ausência do candidato no Município é evidente. Talvez pelo fato de que o clima extremamente seco de Brasília seja mais compatível com sua personalidade.

Deixando os motivos presumíveis de lado, a verdade é que o candidato Guilherme adotou a Capital Federal como seu novo lar, deixando para trás os laços que o prendiam a Vitória da Conquista. Nesse sentido, o candidato Guilherme segue à risca a recomendação bíblica contida no Livro de São Lucas, capítulo 17, verso 32: “Lembrai-vos da mulher de Ló”. Este trecho bíblico faz alusão à história de Ló (Livro de Gênesis, capítulo 19, versos 24 a 26), quando Deus, ao destruir as pecaminosas cidades de Sodoma e Gomorra, recomendou a Ló e sua família que, ao saírem de Sodoma, não olhassem para trás, sob o risco de perecerem, porém a mulher de Ló, afeita às tentações da carne, olhou para trás e transformou-se numa estátua de sal. Acredito que essa seja a grande fobia do candidato Guilherme já que, ao sair de Iguaí, sua terra natal, politicamente jamais voltou seus olhos para aquela cidade. Faz-se mister ressaltar que, em 2006, o candidato Guilherme foi apenas o terceiro candidato mais vot
ado em sua própria cidade natal, distanciando-se do quarto colocado por somente três votos. Isso demonstra, claramente, o tamanho do prestígio que goza o candidato perante os seus conterrâneos.

Em 2002, o candidato Guilherme abandonou o mandato de Prefeito e foi embora para Brasília. A certeza manifesta de que Guilherme não quer mais saber de Vitória da Conquista é clara pelo fato de que, em 2004, sendo sua esposa eleita como a vereadora mais votada naquele pleito, em lugar de ocupar a função de preposta do candidato Guilherme, no trato do interesses locais, atuando como um importante elo entre a esfera municipal e a federal, preferiu “cuspir” nos votos que lhe foram confiados pelo povo conquistense, renunciando o seu mandato para ir para Brasília, fazer sabe lá o quê. Essa família deve ser muito fã do Renato Russo, pois leva a sério aquele trecho da música “Faroeste Caboclo” que diz: "Estou indo pra Brasília. Neste país lugar melhor não há”.

O candidato Guilherme afirma no jingle que embala a sua propaganda eleitoral que o povo está sentindo a sua falta e, neste ponto, ele está certíssimo, pois está sentindo a falta da atuação de um político que foi eleito para representar seus interesses no Congresso Nacional e que nada faz nesse sentido. Porém quando se recorda de fazer alguma coisa, o faz de forma diversa aos anseios do povo que o elegeu, como, por exemplo, ter votado favoravelmente pela criação da famigerada CSS (Contribuição Social para a Saúde), vulgarmente conhecida como a “Nova CPMF”.

Essa forma de agir tem refletido no desempenho eleitoral do candidato Guilherme em Vitória da Conquista. É só verificar os números: em 2002, quando foi eleito deputado federal pela primeira vez, o candidato Guilherme obteve, no território eleitoral de Vitória da Conquista, 50.293 votos, sendo que, em 2006, foi reeleito com apenas 39.314 votos. Como se percebe, a ausência e o desinteresse do candidato Guilherme teve seu preço: cerca de 11.000 eleitores deixaram de acreditar no candidato.

Em vista do exposto, fico tentando calcular qual será o saldo de mais dois anos de indiferença no trato dos interesses de Vitória da Conquista? Acho melhor deixar a calculadora de lado e aguardar o resultado de 05 de outubro próximo, quando o candidato Guilherme também obterá a resposta sobre o trecho de seu jingle eleitoral que versa sobre o desejo do povo pelo seu retorno.

Assim, faz-se necessário que o candidato Guilherme saiba que o povo conquistense:

• não vai mais “engolir” essa “estória” de que ele, tomado por um súbito e arrebatador amor por Vitória da Conquista, após anos de ausência, retornará para resgatar toda a sua glória e o poder (e o poder muito lhe interessa!);

• já sabe que ele somente é motivado quando tem seu orgulho ferido ou quando alguém tenta se destacar mais do que ele (o que não é muito difícil!);

• está farto de eleger “nômades” para o trato dos interesses do Município, pois acredita que somente um filho nativo desta terra vitoriosa será capaz de reconquistar toda a fé e o orgulho do povo conquistense nele próprio.
Na realidade, o que o candidato Guilherme quer, além de garantir-se no poder, é ajustar algumas contas com o Governador Jacques Wagner, com o atuante Deputado Estadual Waldenor Pereira, com o competente Vereador Alexandre Pereira e com outros “companheiros” que tentaram se destacar um pouquinho mais do que ele ou que não foram subservientes aos seus “caprichos”.

Como se sabe, o candidato Guilherme ficou extremamente transtornado quando o “companheiro” Jacques Wagner foi escolhido para concorrer ao pleito estadual de 2006 (dizem que esta é a causa de sua suposta depressão), pois tinha plena certeza de que seria ele o escolhido, por isso fez questão de não comparecer à posse de Wagner. Se o candidato já não se faz presente no Município regularmente, quando por ocasião das visitas do Governador, aí é que ele desaparece mesmo.

O candidato Guilherme também não faz questão de esconder o despeito que nutre pelo “companheiro” Waldenor Pereira que, em pouco tempo de vida política, demonstrou ser um homem aberto ao diálogo e de livre acesso interpartidário. Por isso mesmo, tornou-se um sólido articulador do Governo da Bahia perante a Assembléia Legislativa. Ao contrário do candidato Guilherme, sempre se faz presente no Município, estando constantemente preocupado com a resolução dos problemas locais. Tudo isso levou Waldenor a um considerável “superávit” eleitoral, vez que, em 2002, foi eleito com 33.338 votos, enquanto que, em 2006, praticamente dobrou o número de eleitores que lhe confiaram o voto. Assim, enquanto Waldenor cresceu, o candidato Guilherme encolheu, tornando-se, desse modo, uma ameaça à soberania do “todo-poderoso” candidato “nômade”. Acho que agora fica fácil entender de onde o candidato Guilherme conseguiu tamanha motivação para firmar aquela guerra pela Presidência do Diretório Municip
al do Partido dos Trabalhadores.

Quanto ao “companheiro” Alexandre Pereira, o candidato Guilherme ainda não “engoliu” aquela história do vereador ter tido a coragem de lançar e defender a sua candidatura ao cargo de deputado federal, em 2006. Aparentemente, aquela coragem do nobre edil foi momentânea, já que, atualmente, este faz questão de pousar para fotografias de campanha juntamente com o candidato Guilherme, demonstrando que está arrependido e implora pelo perdão do “cacique”.

Os demais que figuram na “lista negra” do candidato Guilherme, por motivos personalíssimos, rezam, veladamente, para que o povo, em 05 de outubro de 2008, diga um sonoro “NÃO” ao candidato “nômade”.

No final das contas, após concluir as vinganças necessárias, o candidato Guilherme volta à rotina: elege-se ou elege sua esposa Josete para o Congresso Nacional, deixa o seu Vice-Prefeito como “capataz” e volta para Brasília, pois “Neste país lugar melhor não há”.

Entretanto, se depender do povo que não está com saudade dele e que não quer o seu retorno, pois entende que retornar com Guilherme é andar “a passos de curupira”, Vitória da Conquista terá a honra de eleger um filho seu para estar à frente do destino desta vitoriosa terra, garantindo, assim, a reconquista da fé e do orgulho de uma cidade que, historicamente, sempre foi conhecida como trincheira da resistência democrática e como pólo do desenvolvimento regional, sob pena de negar a sua história e a vocação de seu povo.

A eleição do candidato Guilherme significa olhar para trás e, neste caso, corre-se o risco de transformar Vitória da Conquista numa inerte, inanimada e silenciosa “estátua de sal”.

2 comentários:

Diêgo disse...

Abandonou é uma palavra branda, REJEITOU Conquista. Comentário bastante pertinente.

Anônimo disse...

Caso, a maioria dos eleitores - sejam realmente politízados, como afirma alguns.O candidato Guilherme, terá uma resposta diferente da esperada. A voz do povo, não é a de Deus - porém o povo não é bobo!.Ciro Benevides Moura.