domingo, 31 de agosto de 2008

E O FUMO ERA DE ROLO...

Por Francisco Silva Filho
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Quando se pensa em time de futebol, pensa-se em treinador, e que seja um grande treinador. No último dia 18 de agosto do corrente ano, eu tive o prazer de ouvir por duas horas uma animada e interativa entrevista pela Rádio Banda B daqui de Curitiba,...

oportunidade em que os companheiros – sinto-me à vontade para chamá-los de companheiros, face à minha intimidade com o rádio – entrevistaram o lendário Rubens Francisco Minelli. O Minelli, atualmente longe dos campos de futebol, presta seus serviços de comentarista para a Rádio Jovem Pan de São Paulo, de onde saiu a convite da Rádio Banda B para essa entrevista na citada data, pra os radialistas Valmir Gomes e Marcelo Ortiz.
Esbanjando saúde e com uma memória impressionante, - o Minelli completará 80 anos no dia 19 de dezembro vindouro – o técnico que não esconde uma pontinha de decepção por jamais ter chegado ao comando da seleção brasileira, disse que o principal fundamento no futebol reside no acerto dos passes. Dando ainda ênfase ao comportamento tático de um time dentro de campo, disse que a melhor defesa é o ataque, ele se explicando melhor, disse que um time que almeja ser vencedor, tem que ter sessenta por cento das suas ações no ataque, e a defesa deve responder só com quarenta por cento, e, tendo um time que não erra passes e o seu ataque mantém ocupado o time adversário, será impossível esse ser derrotado.
Demonstrando grande respeito pelos seus entrevistadores, o Minelli disse que o bom técnico não tem que ter orgulho, não tem que ter soberba, tem que ser humilde. Disse ainda, que grandes profissionais do rádio, que acompanha o dia-dia do time e conhece todas as fraquezas do próprio time e do adversário, esses profissionais são na verdade grandes conselheiros dos técnicos, e que ele jamais os desprezou; disse até, que sempre estava no banco de reservas procurando saber o que os comentaristas estavam falando do time e se a escalação estava de acordo, e não raro, sempre tirando detalhes e fraquezas dos adversários pelo que falavam os profissionais comentaristas do rádio. Para ele, se indispor com os profissionais do rádio assim como, com os torcedores que também são grandes observadores, - aliás, ele também disse que já encontrou torcedor na rua que lhe deu informações importantíssimas sobre detalhes técnicos de alguns jogadores, e que possivelmente estariam sendo mal escalados – é prova de grande burrice do técnico, pois, acabará se isolando e entregue à própria sorte.
Puxa vida, estava tão bom falar do xará Francisco Minelli. Ainda sobre o Minelli, eu devo a ele o ganho de peso que consegui aqui em Curitiba, no ano de 1989 ele veio ser técnico do Coritiba, tinha acabado de sair do São Paulo, eu ainda morava em Conquista, foi quando eu assisti uma entrevista dele com o repórter do Globo Esporte, onde ele justificava o seu ganho de peso, dizendo que em Curitiba era impossível manter o peso com o qual se chega aqui; e sempre que eu subia a balança, via que estava aumentando o peso, e logo eu me lembrava das palavras do Minelli: “isso é normal”. Pois bem, Minelli à parte; vamos ao técnico que nos interessa. O Ferreira, de repente, me fez lembrar o grande Minelli, sempre demonstrando humildade, rasgando seda para o técnico conquistense, e até fazendo mesuras, acabou por demonstrar que é um grande técnico, afinal, ganhar três partidas seguidas do mesmo time, inclusive na casa do adversário, com um plantel muito inferior ao do ECPP Vitória da Conquista, não foi um simples acaso, foi sim, mostrar ser superior, saber jogar nos erros do adversário, afinal, comer o mingau pela beirada, também se come do mingau!
Sem querer ser chato, às vezes, a prata da casa acaba por nos decepcionar, como diz um velho ditado, o santo de casa não faz milagres, os milagres são em sua maioria, conseguidos através dos santos milagreiros de outras plagas. O bom trabalho que o Elias já nos dispensou, nós penhoradamente agradecemos, acho que ele foi um bom técnico para a segunda divisão do campeonato baiano, haja vista a ascensão do ECPP Vitória da Conquista para a primeira divisão do mesmo campeonato, mas, o perfil do técnico para a série A requer muito mais do que uma solução caseira. O técnico de futebol tem que viajar, técnico de futebol não tem que ter casa fixa, hoje aqui, amanhã acolá, assim é a vida do técnico, senão ele não ganha experiência, e, em casa será sempre o pior lugar para se trabalhar; sobre esse assunto, o técnico curitibano Levi Culpi jamais gostou de dirigir times aqui da capital paranaense, a sua praia sempre foram os times mineiros.
O nosso Conquista que voltou combalido da derrota contra o ASA em Arapiraca, chegou a Itabuna com uma missão complicadíssima, afinal, arrancar uma vitória do time itabunense dentro dos seus domínios, quando o time anfitrião tem os mesmos anseios que o visitante, fica impossível para o time visitante conseguir um vitória se esse time acreditar em fórmulas mágicas, como não existem fórmulas mágicas, a única fórmula aceitável é se fazer o chamado dever de casa; uma vez prescindido desse dever, tenta-se a “segunda época que, sempre será um remédio amargo e nem sempre ao alcance do imprevidente”. Eu, particularmente acreditava que o Conquista repassaria o ‘Fumo de Arapiraca’ para os itabunenses; entretanto, o ‘fumo era de rolo’ e, acabou por não encontrar o endereço correto, curvando-se e entrando em local diverso do pretendido. O Ferreira é um bom técnico! Será que fui claro, moçada?

Francisco Silva Filho – Curitiba-PR



Um comentário:

Anônimo disse...

GRANDE TORCEDOR! .J.Dean Viana.