Medroso. Muito Medroso!
Domingo à tarde, após dois dias de furdunço no Festival de Inverno, resolvi dar uma caminhada para queimar os excessos da sexta e do sábado. Calcei um velho tênis e pé na estrada. Claro que optei pela Avenida Olívia Flores. Primeiro porque moro próximo, segundo porque temos uma insaciável curiosidade para ver como estão as coisas em uma das mais badaladas avenidas da cidade (a outra é a Frei Benjamin). Gente como o diabo! A rapaziada é incansável. Na região do Bar e Restaurante Costinhas, América Bar, Cai Um, Estação Arte e Boca de Forno, havia uma aglomeração humana, semelhante às famosas festas de Trafalgar Square em Londres.
Jovens, muitos jovens. Enquanto caminhava pensava naquele poeta russo que disse: “O mal dessa juventude é que não estou mais dentro dela”. Continuava minha missão. Sem deixar de olhar, claro, prá rapaziada (especialmente as meninas!). Muita moça bonita. As meninas de hoje estão como o diabo gosta. Tomam cachaça, falam palavrões, fumam gostosamente e quando dão na telha investem sobre os rapazes com uma fúria espetacular. Eu adoro os tempos atuais. Infelizmente não tenho mais caixa para me inserir no meio dessa juventude. No meu tempo (oh, expressão desagradável!), quando a gente (os rapazes) queria dar uma furunfada tínhamos que ir ao Magassapo. Não havia jeito se não ir ao velho Maga (como diziam os mais discretos!). Era uma luta! Quem não quisesse ir por essa regra, só havia uma alternativa: O casamento.
Hoje a coisa tá muito melhor. Ninguém é obrigado a nada. Casa-se e se descasa, com a mais absoluta naturalidade. Por causa disso, não pergunto mais a ninguém pelo ou pela outra. A última experiência me deixou inteiramente desconcertado. Conversando com uma adorável amiga, que há muito não via, mandei por ela um abraço para “o maridão”. Ela disse que assim que pudesse daria, mas o dito cujo não era mais seu marido. Quase caí de costas! A última vez que os vi juntos estavam numa lambança deliciosa no Hiper. A esfregação deles fazia inveja aos mais apaixonados dos casais tipo Romeu e Julieta. Prá ser sincero, quando ela disse não mais estar com o ex-marido, falou com uma voz totalmente desafetada. Em outras palavras, pareceu-me não estar nem aí. Eu é que fiquei sem palavras para continuar o diálogo. Me mandei, prá não ouvir o resto!
Mas, como ia dizendo, à medida que caminhava pela Olívia observava as meninas. Elas estão cada dia mais lindas! E mais audaciosas. Não estão brincando não! Riem gostosamente, debocham dos caras que elas classificam de Prosa Ruim, e ficam indignadas quando uma ou outra mais assanhada interferem em suas paqueras. Pronto. Isso aí dá oportunidade para que a adversária seja chamada de Piriguete. A outra se souber, vira uma fera e tem porrada á vista! Já vi umas duas. Claro que corri (sou frouxo!).
Quando voltava, já próximo ao Posto Pantanal, eis que vejo uma bela mulher puxando um cachorrinho daqueles que a gente gosta de pedir o telefone. A figura (não vou revelar o biótipo) andava com o cachorro do seu lado esquerdo e ao lado direito o celular no ouvido. Quando me aproximei ouvi a bela dizendo: “O seu problema é que você é medroso. Muito medroso!”. Fui passando por ela e não resisti. Olhei para o rosto e vi que era material de primeira. Bota primeira nisso! Como ando relativamente rápido, e por uma questão de discrição, fiz um esforço para não ouvir mais o que ela dizia. Mas deu prá perceber ser uma moça solteira (ótimo!).
Não quero fazer conjecturas sobre o episódio. Diria apenas que o cara com quem ela falava realmente era um frouxo. Por uma mulher daquelas, sinceramente, eu faria um monte de doidice! A mulher era papa fina. Padrão Hollyood. Se eu fosse cineasta não hesitaria em convidá-la para um filme. Seria um plágio de uma grande obra de Luis Buñuel (La belle de jour). Passadas mais de quarenta e quatro horas do lance, ainda ouço a voz da bela dizendo: “Você é medroso, muito medroso!”. O tal sujeito com quem ela falava deve ser mais frouxo do que eu. Fiquei impressionado. Hoje, estou aqui escrevendo esta crônica e tenho certeza que ela não lerá. Mulheres bonitas não lêem. Elas são, em si, grandes leituras, imensas enciclopédias. Quem sabe uma biblioteca. O maestro Tom Jobim, naqueles idos dos anos 60, quando se deparava com uma mulher daquelas, não titubeava e exclamava: “É um avião!”. Um Boeing, eu acrescentaria. Outros diriam uma locomotiva! Alguém por acaso, sabe o nome? Enviem respostas para este pobre cronista. Domingo irei de novo à Olívia prá ver se a encontro. Direi a ela que precisa de um sujeito corajoso para ampará-la e defende-la de mau olhado. Pode ser até que ela sorria de minha audácia. Mas que eu vou dizer, vou. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires
Professor UESB-FAINOR.
Domingo à tarde, após dois dias de furdunço no Festival de Inverno, resolvi dar uma caminhada para queimar os excessos da sexta e do sábado. Calcei um velho tênis e pé na estrada. Claro que optei pela Avenida Olívia Flores. Primeiro porque moro próximo, segundo porque temos uma insaciável curiosidade para ver como estão as coisas em uma das mais badaladas avenidas da cidade (a outra é a Frei Benjamin). Gente como o diabo! A rapaziada é incansável. Na região do Bar e Restaurante Costinhas, América Bar, Cai Um, Estação Arte e Boca de Forno, havia uma aglomeração humana, semelhante às famosas festas de Trafalgar Square em Londres.
Jovens, muitos jovens. Enquanto caminhava pensava naquele poeta russo que disse: “O mal dessa juventude é que não estou mais dentro dela”. Continuava minha missão. Sem deixar de olhar, claro, prá rapaziada (especialmente as meninas!). Muita moça bonita. As meninas de hoje estão como o diabo gosta. Tomam cachaça, falam palavrões, fumam gostosamente e quando dão na telha investem sobre os rapazes com uma fúria espetacular. Eu adoro os tempos atuais. Infelizmente não tenho mais caixa para me inserir no meio dessa juventude. No meu tempo (oh, expressão desagradável!), quando a gente (os rapazes) queria dar uma furunfada tínhamos que ir ao Magassapo. Não havia jeito se não ir ao velho Maga (como diziam os mais discretos!). Era uma luta! Quem não quisesse ir por essa regra, só havia uma alternativa: O casamento.
Hoje a coisa tá muito melhor. Ninguém é obrigado a nada. Casa-se e se descasa, com a mais absoluta naturalidade. Por causa disso, não pergunto mais a ninguém pelo ou pela outra. A última experiência me deixou inteiramente desconcertado. Conversando com uma adorável amiga, que há muito não via, mandei por ela um abraço para “o maridão”. Ela disse que assim que pudesse daria, mas o dito cujo não era mais seu marido. Quase caí de costas! A última vez que os vi juntos estavam numa lambança deliciosa no Hiper. A esfregação deles fazia inveja aos mais apaixonados dos casais tipo Romeu e Julieta. Prá ser sincero, quando ela disse não mais estar com o ex-marido, falou com uma voz totalmente desafetada. Em outras palavras, pareceu-me não estar nem aí. Eu é que fiquei sem palavras para continuar o diálogo. Me mandei, prá não ouvir o resto!
Mas, como ia dizendo, à medida que caminhava pela Olívia observava as meninas. Elas estão cada dia mais lindas! E mais audaciosas. Não estão brincando não! Riem gostosamente, debocham dos caras que elas classificam de Prosa Ruim, e ficam indignadas quando uma ou outra mais assanhada interferem em suas paqueras. Pronto. Isso aí dá oportunidade para que a adversária seja chamada de Piriguete. A outra se souber, vira uma fera e tem porrada á vista! Já vi umas duas. Claro que corri (sou frouxo!).
Quando voltava, já próximo ao Posto Pantanal, eis que vejo uma bela mulher puxando um cachorrinho daqueles que a gente gosta de pedir o telefone. A figura (não vou revelar o biótipo) andava com o cachorro do seu lado esquerdo e ao lado direito o celular no ouvido. Quando me aproximei ouvi a bela dizendo: “O seu problema é que você é medroso. Muito medroso!”. Fui passando por ela e não resisti. Olhei para o rosto e vi que era material de primeira. Bota primeira nisso! Como ando relativamente rápido, e por uma questão de discrição, fiz um esforço para não ouvir mais o que ela dizia. Mas deu prá perceber ser uma moça solteira (ótimo!).
Não quero fazer conjecturas sobre o episódio. Diria apenas que o cara com quem ela falava realmente era um frouxo. Por uma mulher daquelas, sinceramente, eu faria um monte de doidice! A mulher era papa fina. Padrão Hollyood. Se eu fosse cineasta não hesitaria em convidá-la para um filme. Seria um plágio de uma grande obra de Luis Buñuel (La belle de jour). Passadas mais de quarenta e quatro horas do lance, ainda ouço a voz da bela dizendo: “Você é medroso, muito medroso!”. O tal sujeito com quem ela falava deve ser mais frouxo do que eu. Fiquei impressionado. Hoje, estou aqui escrevendo esta crônica e tenho certeza que ela não lerá. Mulheres bonitas não lêem. Elas são, em si, grandes leituras, imensas enciclopédias. Quem sabe uma biblioteca. O maestro Tom Jobim, naqueles idos dos anos 60, quando se deparava com uma mulher daquelas, não titubeava e exclamava: “É um avião!”. Um Boeing, eu acrescentaria. Outros diriam uma locomotiva! Alguém por acaso, sabe o nome? Enviem respostas para este pobre cronista. Domingo irei de novo à Olívia prá ver se a encontro. Direi a ela que precisa de um sujeito corajoso para ampará-la e defende-la de mau olhado. Pode ser até que ela sorria de minha audácia. Mas que eu vou dizer, vou. Um abraço cordial e até a próxima.
Paulo Pires
Professor UESB-FAINOR.
2 comentários:
VOU ENTRAR NA FILA..RSRSRSR
Cuidado, voce está apaixonado. O coração bate muito acelerado!. RGS.
Postar um comentário