quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Divagando & Katilografando


Notícias do Reino

Francisco Silva Filho

Nos meus idos tempos de adolescência – década de setenta – havia um velho ditado, que podia ser uma constatação, extraído dos mais velhos, repetíamos sempre que víamos um miguelense amigo, na escola, no clube ou nos campinhos de futebol, o seguinte ditado ou constatação: “em Conquista, Deus no céu e São Miguel nas esquinas”, os nossos amigos, Jeremias, Juraci, Jurandir e irmãos de hoje Taki Peças e Equipakar que o digam. Ainda na mesma década e início da década de oitenta, em nossa cidade – diziam que, também, em todas as cidades baianas – havia em cada esquina uma dupla que era apelidada de “Cosme e Damião”.

Pois muito bem, lá no início da década de oitenta, o aparato de segurança estatal disponibilizava aos cidadãos baianos uma ostensiva carga de segurança que, para muitos, principalmente aos mais humildes, deixavam-nos mais encabulados e intimidados do que propriamente com sentimento de segurança, tão necessária em qualquer época, em qualquer situação.
Notícias me chegam do reino, e, a elas me reportarei. Depois da dupla, (Cosme e Damião) hoje, já não mais reconhecida santa pela Igreja Católica, eis que, surge, e eu vou dar nome, se ainda foi nominada, de: “Santíssima (?) Trindade”, ou melhor, “Trio Porrada Dura”, desses dois, escolham o mais apropriado. Refiro-me aos três policiais que, aí em nossa cidade está em cada esquina do centro comercial conquistense e nas principais ruas da nossa cidade.
A crise de segurança no Brasil tem sido tema de acalorados debates nos mais disputados cenários acadêmicos brasileiros e no Congresso Nacional; mas, de efetivo, simplesmente atitudes esparsas deste ou daquele governo em cada unidade da federação. Buscando enfocar a segurança nos nossos domínios, com base nas notícias advindas da nossa corte, a população conquistense tem sido surpreendida com um aparato da Polícia Militar em nossa cidade em elevadas proporções para o nosso centro comercial e empresarial. As pessoas têm se questionado quanto a efetividade dessa “trindade” ou desse “Trio” policial nas ruas centrais de Conquista; a queixa se faz pertinente, haja vista, a falta de segurança enfrentada pelo resto da população, no que tange aos bairros periféricos e até mesmo aos bairros mesmo estando distantes do centro, como é o caso de Inocoop I e II – e não são considerados bairros periféricos, aliás, em Conquista, periférico é sinônimo de bairro com concentração de pobreza – ressentem-se da falta de segurança. Sob o enfoque de bairro periférico ou subúrbio, entendam-se bairros que não são o centro e bairros do centro da cidade; o resto é periferia, é subúrbio.
Em Conquista, só a TV Sudoeste noticiou um fato que, eu classifico como de segurança pré-miliciada, o caso em pauta, refere-se ao bairro Nova Cidade, onde os moradores estão se revezando na segurança contra as investidas dos marginais, traficantes e bandidos de toda espécie que vêm aterrorizando aqueles desprotegidos moradores. Claro que, os moradores do bairro Nova Cidade não são nem de longe, segundo os princípios norteadores da norma penal vigente desde 1940, os signatários da proteção policial, pois ali, em tese, não moram os detentores do capital, o maior protegido em todo sistema penal, até mais protegido, que, o bem maior tutelado em tese, pelo sistema penal brasileiro que é a vida.
Nos bairros periféricos, tanto faz se é o bairro Candeias, das Amendoeiras, Inocoop I, II ou outros de igual importância, bem como, nos chamados “bairros periféricos” conquistenses, – onde só moram os pobres de toda sorte – em todos esses bairros há que ter a segurança preventiva necessária aos moradores, haja vista, tanto nos periféricos pobres como nos periféricos nobres há os contribuintes; aqueles que pagam os impostos, que fazem a máquina estatal funcionar, e neste particular, não que falar que nos bairros pobres, os seus moradores não pagam impostos, aliás, para esses, é compulsório e retido na fonte; já nos bairros nobres, essa verdade não é absoluta, para esses, a possibilidade de sonegação é real; ficando, portanto, nesse quesito, equiparado no recolhimento compulsório a que está submetida à classe menos favorecida. Desta forma, a vontade posta pela secretaria de segurança do estado, deve abranger a todos, e, não privilegiar somente aos que representam à força capitalista, para, assim não incorrer em inconstitucionalidade.

Francisco Silva Filho

Um comentário:

Anônimo disse...

Francisco seus escritos tem uma caracteristica de um humor critico aguçado. Me agrada seus escritos.