quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Crise financeira abala as compras do Dia das Crianças

Eder Luis Santana, do A TARDE
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Crise financeira, dólar em alta, juros acima do normal. As compras para o Dia das Crianças, que será no próximo domingo, dia 12, exigem atenção redobrada dos consumidores este ano. As oscilações de preços, em especial dos produtos importados, têm feito com que alguns pais mudem as opções de presentes e pesquisem antes de fechar qualquer negócio.

A estimativa de crescimento no comércio para este ano é de apenas 4%, enquanto em 2007 o índice chegou a 8%, de acordo com dados do Sindicato dos Lojistas de Comércio do Estado da Bahia (Sindlojas). Antes da crise na bolsa americana afetar a economia mundial, a previsão de alta para esta data era de 8%.



“Os problemas na economia trouxeram preocupação ao consumidor. E isso em relação a qualquer compra, não apenas para os produtos importados. O ideal é não gastar em excesso até que haja segurança na política de juros e créditos”, afirma o presidente do Sindlojas, Paulo Motta.





Ano após ano o Dia das Crianças se consolida como a quinta data mais importante para a venda no comércio. Perde apenas para o Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia dos Pais. Na contramão dos números pessimistas, o varejo digital é o único que sonha com crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é do e-bit (www.ebit.com.br), empresa especializada em informações sobre o varejo digital. O e-bit espera que o faturamento do setor chegue a R$ 359 milhões até o dia 11.





Para os pais que terão de gastar mais para agradar os filhos, a opção tem sido fugir dos produtos com valor mais alto e que podem exigir parcelamento. A dona-de-casa Rita Chaves, 32, por exemplo, tenta lidar com o filho de oito anos, que está afoito por um computador. No entanto, as parcelas e as taxas de juros para crediário fizeram com que o presente fosse adiado.





“Não quero nada com juros por enquanto. No máximo divido em parcelas fixas”, disse. Ao lado da filha Nicole, de seis anos, Rita pesquisava os preços nas lojas de um dos maiores shoppings de Salvador na manhã desta quarta-feira, 8. Sua previsão é gastar no máximo R$ 250 no presente dos dois herdeiros.





COMPRAS – No Shopping Iguatemi, onde existem 30 lojas de brinquedos e vestuário destinadas às crianças, a estimativa de aumento nas vendas é de 10%. Segundo a gerente de marketing do Iguatemi, Sheila Arandas, desde a semana passada o número de clientes registrou acréscimo. Até domingo, a previsão é de crescimento em até 15% o fluxo de pessoas no shopping, que recebe cerca de 120 mil pessoas por dia.





Nas lojas especializadas em artigos infantis, o fluxo intenso de clientes mostra como o universo dos brinquedos ainda tem preferência na hora das compras. Na BMart, por exemplo, as vendas aumentaram desde setembro. “Nosso estoque está montado desde agosto para esta data. Foi bom que não tivemos problemas na hora de comprar e não repassamos nenhum aumento ao consumidor”, assinala o gerente da loja, George Oliveira.





Em relação ao ano passado, Oliveira se mostra otimista e espera vender 10% a mais. Em 2007, o setor foi abalado com a campanha de recall dos produtos da Mattel (fabricante que chega a representar 40% dos produtos em algumas lojas do setor). Na época, o governo retirou do mercado os brinquedos que soltavam peças e se tornavam perigosos às crianças.





CONSELHOS – Para quem ainda pretende gastar com o Dia das Crianças o melhor é comprar à vista. O diretor da faculdade de economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Wilson Menezes, aconselha os consumidores a fugir das dívidas e não comprometer a renda futura.





Além disso, o mais seguro é optar pelos produtos nacionais, que não sofrem influência com a alta do dólar. “A crise pode piorar e a taxa de desemprego tende a subir. O ideal é conter os gastos e não de endividar”, completa.





Esse controle já tem sido observado em alguns consumidores, como o instrumentista industrial Isaac Souza, 42. Ele resolveu soltar a filha no meio dos brinquedos até que escolhesse sozinha pelo presente. Com apenas dois anos, a pequena Luisa correu direto para as bonecas. NO entanto, o orçamento do papai estava previsto para um máximo de até R$ 100. “Gosto dos brinquedos que estimulem a criatividade dela. Só não pode ser acima do que posso custear”, completa.



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