George Brito, do A TARDE
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O percentual de não-autorizações de doação de órgãos na Bahia este ano é até agora de 63%, segundo o coordenador do Sistema Estadual de Transplante de Órgão, Eraldo Moura. O índice está muito acima dos de outros estados, que varia entre 25% e 35% no mesmo período.
Só esta semana, da última terça-feira até sexta-feira, 3, cinco famílias não concordaram em doar os órgãos dos parentes falecidos. Com isso, 23 pessoas deixaram de ser beneficiadas – cinco passariam a ter um fígado saudável, oito um novo rim e dez voltariam a enxergar, com uma córnea nova. No caso da doação de córneas, o quadro no Estado ainda é menos positivo, com o índice percentual de negativas chegando a quase 90%.
Entre as pessoas que decidiram não doar os órgãos dos parentes falecidos, estão os pais da pequena Stephany Silva de Jesus , 6 anos, que faleceu na noite de quinta-feira, 2.
FILA – Hoje, estão na fila, à espera de uma doação que lhes salve a vida ou lhes garanta melhores condições de saúde, 3,8 mil baianos, todos cadastrados no banco de pacientes do Datasus, sistema do Ministério da Saúde. Entre eles, 2,5 mil esperam por um rim, 300 por um fígado e 1 mil por uma córnea. “Respeitamos a decisão da família. Mas as pessoas têm que entender que hoje é mais provável as pessoas necessitarem de uma doação do que doarem seus órgãos”, comenta Eraldo Moura.
Segundo ele, tal resistência se deve muito à falta de informação e está ligada a um “apego ao corpo”. A questão religiosa também influencia, diz Moura, mas em menor grau. “A Bahia acompanhou o Brasil, lá em 1999, quando o País começou a desenvolver o sistema de transplante. Mas é um Estado muito grande, e no qual muitas pessoas ainda moram no interior e desconhecem os benefícios da doação de órgãos”, analisa o coordenador. O coordenador alerta que o procedimento de retirada dos órgãos é igual a qualquer outro, não deixando deformidades no corpo.
A decisão das famílias em doar ou não os órgãos dos parentes tem amparo na Lei 10.211/01, que modificou a Lei 9.434/97. Desde então, a retirada dos órgãos para a realização dos transplantes só pode ser realizada mediante autorização da família. Isso independentemente da vontade manifestada em vida do parente falecido. No texto legal da lei anterior, a retirada de órgãos para fins de transplante era automática, salvo em manifestação de vontade em contrário do doador.
VIDA NOVA – A aparência raquítica de uma mulher “amarela e sem cor” há cinco anos e alguns meses, quando fez transplante de fígado, deu lugar a uma saudável mãe, hoje com 31 anos. A técnica de enfermagem do trabalho, Vera Lúcia, orgulha-se de seu primeiro filho, Jorge Rafael, com apenas três meses de nascido.
Esse destino feliz partiu de um ato solidário de doação de órgão: “Com a doação, o ente querido que se foi permanece vivo em outra pessoa. As pessoas têm que ter mais compaixão, mesmo no momento de dor com a perda de um parente. Devem pensar que há alguém que pode viver, através da doação de órgãos”, opina Vera Lúcia.
A profissional de saúde tinha 19 anos quando sofreu uma hemorragia digestiva. Passou sete anos em tratamento, até que os médicos descobriram que o problema derivava do fígado. Penou mais um ano e meio na fila à espera de um órgão. No dia 18 de junho de 2003, passou pela cirurgia de transplante, pelo médico Jorge. Por isso o prenome do filho, em homenagem ao cirurgião. O segundo nome, Rafael, significa “medicina de Deus”, diz Vera, que hoje é “feliz” e tem “uma vida normal”.
Central de Transplante de Órgãos da Bahia (CTO-BA) Integra o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e estabelece como os órgãos e tecidos cadavéricos serão captados e distribuídos na Bahia. Inaugurada em 22 de dezembro de 1992, sendo à época a primeira do Norte e Nordeste.
SERVIÇO:
Local Estrada de Saboeiro, S/N, Cabula
Contato (71) 3115-8316.
Só esta semana, da última terça-feira até sexta-feira, 3, cinco famílias não concordaram em doar os órgãos dos parentes falecidos. Com isso, 23 pessoas deixaram de ser beneficiadas – cinco passariam a ter um fígado saudável, oito um novo rim e dez voltariam a enxergar, com uma córnea nova. No caso da doação de córneas, o quadro no Estado ainda é menos positivo, com o índice percentual de negativas chegando a quase 90%.
Entre as pessoas que decidiram não doar os órgãos dos parentes falecidos, estão os pais da pequena Stephany Silva de Jesus , 6 anos, que faleceu na noite de quinta-feira, 2.
FILA – Hoje, estão na fila, à espera de uma doação que lhes salve a vida ou lhes garanta melhores condições de saúde, 3,8 mil baianos, todos cadastrados no banco de pacientes do Datasus, sistema do Ministério da Saúde. Entre eles, 2,5 mil esperam por um rim, 300 por um fígado e 1 mil por uma córnea. “Respeitamos a decisão da família. Mas as pessoas têm que entender que hoje é mais provável as pessoas necessitarem de uma doação do que doarem seus órgãos”, comenta Eraldo Moura.
Segundo ele, tal resistência se deve muito à falta de informação e está ligada a um “apego ao corpo”. A questão religiosa também influencia, diz Moura, mas em menor grau. “A Bahia acompanhou o Brasil, lá em 1999, quando o País começou a desenvolver o sistema de transplante. Mas é um Estado muito grande, e no qual muitas pessoas ainda moram no interior e desconhecem os benefícios da doação de órgãos”, analisa o coordenador. O coordenador alerta que o procedimento de retirada dos órgãos é igual a qualquer outro, não deixando deformidades no corpo.
A decisão das famílias em doar ou não os órgãos dos parentes tem amparo na Lei 10.211/01, que modificou a Lei 9.434/97. Desde então, a retirada dos órgãos para a realização dos transplantes só pode ser realizada mediante autorização da família. Isso independentemente da vontade manifestada em vida do parente falecido. No texto legal da lei anterior, a retirada de órgãos para fins de transplante era automática, salvo em manifestação de vontade em contrário do doador.
VIDA NOVA – A aparência raquítica de uma mulher “amarela e sem cor” há cinco anos e alguns meses, quando fez transplante de fígado, deu lugar a uma saudável mãe, hoje com 31 anos. A técnica de enfermagem do trabalho, Vera Lúcia, orgulha-se de seu primeiro filho, Jorge Rafael, com apenas três meses de nascido.
Esse destino feliz partiu de um ato solidário de doação de órgão: “Com a doação, o ente querido que se foi permanece vivo em outra pessoa. As pessoas têm que ter mais compaixão, mesmo no momento de dor com a perda de um parente. Devem pensar que há alguém que pode viver, através da doação de órgãos”, opina Vera Lúcia.
A profissional de saúde tinha 19 anos quando sofreu uma hemorragia digestiva. Passou sete anos em tratamento, até que os médicos descobriram que o problema derivava do fígado. Penou mais um ano e meio na fila à espera de um órgão. No dia 18 de junho de 2003, passou pela cirurgia de transplante, pelo médico Jorge. Por isso o prenome do filho, em homenagem ao cirurgião. O segundo nome, Rafael, significa “medicina de Deus”, diz Vera, que hoje é “feliz” e tem “uma vida normal”.
Central de Transplante de Órgãos da Bahia (CTO-BA) Integra o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e estabelece como os órgãos e tecidos cadavéricos serão captados e distribuídos na Bahia. Inaugurada em 22 de dezembro de 1992, sendo à época a primeira do Norte e Nordeste.
SERVIÇO:
Local Estrada de Saboeiro, S/N, Cabula
Contato (71) 3115-8316.
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