quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pustumeira: uma nova e boa opção de forragem para a caprino-ovinocultura do semi-árido


A observação dos hábitos alimentares espontâneos dos animais nas áreas secas do Nordeste tem levado à identificação de plantas com potencial forrageiro para cultivo pelos agricultores. É assim com a Pustumeira (Gomphrena sp.), uma espécie de arbusto que chamou a atenção do pesquisador Francisco Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semi-Árido, por se destacar com um verde "exuberante" numa paisagem em que a vegetação se encontrava já totalmente seca em municípios do sudoeste da Bahia.


A observação do pesquisador foi acentuada pelo local onde as plantas de Pustumeira vegetavam: uma encosta de estrada com solo cheio de pedregulhos e de baixa fertilidade. Levada para análise no Laboratório de Nutrição Animal, constatou-se outra qualidade importante em uma planta forrageira: altos níveis de proteína na folha (22,6%) e caule (13%). A espécie ainda é muito palatável, o que significa dizer que os animais consomem sem qualquer dificuldade, pastejando diretamente no campo, explica Pinheiro.

PERENE

Identificar plantas com essas características na rica biodiversidade da caatinga contribui para estabelecer manejos sustentáveis de atividades agrícolas fundamentais na região, a exemplo da criação caprina e ovina. Bem adaptada aos rigores climáticos do semi-árido, a Pustumeira pode ser implantada em áreas já desmatadas e que estão em descanso nas propriedades.

Na Embrapa Semi-Árido, a espécie está num processo de domesticação. Os pesquisadores e técnicos realizam vários testes de campo em diferentes ambientes e em laboratórios a fim de estabelecer a melhor maneira de seu uso nos sistemas de produção pecuário no sertão nordestino. A disponibilidade de uma forragem com os níveis nutricionais e a resistência à seca dessa espécie nativa, aumenta a capacidade de suporte dos animais nas propriedades.

Os resultados já obtidos nos testes animam o pesquisador a estimular o plantio pelos agricultores. Segundo ele, já se sabe que a melhor maneira de cultivo é por meio de mudas que pode ser feita de modo bem simples. Um galho tenro (ainda verde) com 15 cm de comprimento e pelo menos quatro gemas (locais de onde sairão novos galhos) é o bastante para o plantio em sacos plásticos. A brotação e a formação de raízes ocorrem após 35 dias. Sessenta dias depois, as mudas estarão prontas para serem levadas ao campo. O ideal é que este período coincida com o início das chuvas.

A primeira colheita já pode ser feita cerca de 6-7 meses após o plantio. Neste momento, é comum a vegetação da caatinga se encontrar em adiantado estado de seca. Em apenas hum hectare, sob o espaçamento de 1,0 m nas linhas e 0,5 m entre as plantas é possível colher até 5 toneladas de matéria seca. "É uma produção muito boa" para uma espécie rústica que pode ser cultivada nos mais variados tipos de solo da região semi-árida, especialmente, nas áreas de pousio, além de apresentar a vantagem de ser uma espécie perene.

A reunião das características de ser uma espécie altamente palatável, tolerante à seca, com potencial produtivo e nutritivo, torna a Pustumeira uma importante alternativa para cultivo pelos agricultores familiares nas áreas dependentes de chuva. Por essas qualidades, pode ser usada como banco de proteínas, com pastejo direto de apenas duas horas por dia, ou ser utilizada nas formas de feno e silagem. .

PARA MAIS INFORMAÇÕES

Francisco Pinheiro de Araújo
Pesquisador da Embrapa Semi-Árido

FONTE

Embrapa Semi-Árido
Marcelino Ribeiro – Jornalista
Telefone: (87) 3862-1711

Um comentário:

Anônimo disse...

Blog,sem dúvida alguma excepcional!Na mesma pagína, apresenta o problema da sêca, apresenta também parte da SOLUÇÃO. RGS.